É dezembro, tempo de colheita.
2016 não foi fácil.
Estava previsto. Um ano de muito arado, muito suor.
Dentro e fora, crise. Crise que me fez repensar escolhas, enxugar, fechar, cortar.
Apesar de tudo e por causa de tudo, um ano para agradecer.
No final, alcancei um outro patamar. Mais profundo do que nunca. Com mais sobriedade do que nunca.
Confesso que sofri muito este ano. Tive (tenho) muito medo. De faltar amor. De faltar dinheiro. De faltar coragem.
No entanto, atravessei montanhas. Conquistei novas fronteiras. Sustentei minha fé. Sou mais Leticia do que nunca.
Olhando no retrovisor, construí tanto, produzi tanto. Mesmo com tanta escassez, o horizonte ainda é amplo e fértil.
Foi o ano em que meu casamento de vinte anos acabou. Nunca fiz nada tão difícil antes. Mas o fiz em parceria, com gentileza e muita gratidão. Criaram-se duas novas famílias onde o amor nunca termina. E um legado de amizade, junto com dois filhos que florescem de um jeito cada vez mais maravilhoso.
Um ano em que o Odisseia completou cinco anos e tivemos a coragem de celebrar de uma forma magnífica. Em que cada projeto foi profundo, verdadeiro e com muita liberdade. A parceria com Érica criou raízes ainda mais fundas e abundantes. Fizemos o bem. Com responsabilidade, confiança e gentileza.
E muitos aprendizados, que humildemente pavimentarão o nosso futuro.
Um ano em que nadei contra a corrente e apostei num projeto ousado como o Voe. Desafio financeiro e de energia, sem dúvida. Mas uma realização que se perpetua em frutos inesperados, amizades fortalecidas e eventos transformadores.
Um ano de muito tempo investido em propostas e reuniões que resultaram em poucos projetos fechados. Mas cada projeto tão especial. Um nível superior de entrega e experiência.
Um ano de despedir-me do sonho da Argo. Mas uma despedida afetuosa que preservou os laços com meu sócio-irmão e não deixou dívidas nem arrependimentos. Pelo contrário, muito orgulho do portfólio que criamos juntos.
Um ano de investimentos ousados que contribuíram para minguar minha reserva principal, praticamente zerada. Mas eu pensava que isto teria acontecido há dois anos, portanto ainda estou no lucro.
Um ano em que fui seletiva nos contatos sociais. Mas pude participar de momentos marcantes de meus amigos, felizes ou tristes. Pude amparar e ser amparada por braços e asas potentes e inspiradores.
Um ano em que, apesar de assombrada pelo fantasma do exame oral ainda incompleto, recebi novos clientes que me ensinaram e me nutriram de esperança pelo caminho da autenticidade e do desenvolvimento humano.
Um ano em que, apesar de tudo, fui disciplinada com meu corpo e espírito. Cuide-me mais como mulher. Expandi meu autoconhecimento. Trabalhei forte pelo florescimento de minha alma.
Um ano em que estive mais perto de Deus do que nunca, e tive mais Fé do que pensei ser capaz de sentir. E sinto.
Um ano em que não escrevi tanto quanto gostaria. Mas costurei, bordei , fiz colagens e aquarelas. E redescobri a música.
Um ano em que li poucos livros, mas foram profundamente transformadores para mim: Mulheres que Correm com os Lobos e O Guerreiro Invisível e outras histórias.
Um ano em que doei meu trabalho, apesar do medo de faltar dinheiro. E que cuidei de minha energia, para que esta não faltasse.
Um ano em que cresci como mãe, como mulher, como amiga, como filha, como profissional.
Vivo numa casa nova, onde tudo me faz feliz. Meu escritório é aconchegante e nele tudo flui. Meu coração é abrigo para meus filhos, meus amigos, meus pais e irmãos. Mas sobretudo, meu coração é morada para mim mesma, cada vez mais inteira.
2017, está escrito, será um ano de colher o fruto de ser mais sábia, humilde e resiliente. Será um ano de honrar este suor e semear muitas flores.
Despeço-me com gratidão, 2016. Espero-te com carinho, 2017.