7 Lições de Michel Teló para viver mais simples
Sim, eu confesso. Após meses de atraso, eu resolvi conhecer o Michel Teló.
E querem saber, eu gostei.
Não fuja ainda. Dê-me uma chance de explicar o porquê…
Viver mais simples é buscar seu caminho próprio, com muita gentileza consigo e o outro.
É uma mistura de buscar ser único e novo, com respeitar o que é antigo e seu.
É caminhar de mãos dadas com o mundo, sem esquecer a importância do recolhimento e de ouvir o próprio coração.
O que Michel Teló tem a ver com isso? Vamos começar…
1) Simplificar uma referência cultural
Alguns podem preferir a palavra “pasteurizar”, mas a verdade é que “Ai, se eu te pego” é meio forró, meio sertanejo, meio pop. Combina a pegada do acordeão, a repetição, o tema da paquera.
Não tem nada de virtuoso, mas é acessível, um verdadeiro chiclete sonoro.
Por que não? Pelo menos é uma vitrine para a música regional, muuuito simplificada…
Quem sabe alguém pode se interessar pelo mestre Luis Gonzaga a partir daí, não será bacana?
E se for ainda além e quiser conhecer os sons de Geraldo Júnior, deliciosa música da nova geração do Cariri?
2) Gente como a gente
Achei interessante ele estar vestido tão simples, sorrir tão espontâneo, agir de forma natural. Sem grande produção (aparente). Lembrei-me das exposições agropecuárias em Campos, na minha adolescência….
Viver mais simples é buscar estar em contato com o outro de igual para igual. E trabalhei anos suficientes em marketing para saber que há limite para produzir este efeito premeditadamente. Está mais do que comprovado que quem não é autêntico tem duração limitada. Viva Hebe e Ana Maria Braga!
3) Um pouco de novidade
A fórmula parece muito batida? Mas gostei do baterista ali no meio, bem roqueiro, junto com o acordeão…
E se fosse mesmo igual a tudo, não teria viralizado tanto assim. Não é preciso reinventar a roda ou ser radicalmente diferente para fazer sentido.
Seu caminho pode ser especial de uma forma cotidiana, sem virtuosismos ou exageros.
4) Posso fazer também
A dancinha é ridícula, né… Mas é uma forma do público dele participar. Se você prefere YMCA, ok: cada um no seu quadrado.
E dançar é catarse. Ele faz bem sutil e o pessoal se empolga e expressa uma malícia reprimida. É o poder da dança…
5) Não é preciso ser “cult” ou “sofisticado”. É preciso ser você.
Resolvi assumir minha simpatia pelo hit do Michel Teló como uma forma de combater o preconceito. Muitas pessoas não dão valor ao que é “popular”, “comercial” ou “one-hit wonder”. Mas tudo pode ter seu valor. É gosto, é disponibilidade.
Adoro transitar entre a Lapa do Rio, a citada “Pecuária de Campos”, o Cirque du Soleil, o show do U2, o Cacuriá…
6) Eu sei o que você sente
Olhando a plateia, vejo as meninas se divertindo com a “cantada” proposta por Teló. Meio ridícula, mas construída no charme e bom humor… E antecipo os rapazes se identificando com a dificuldade de “chegar” em alguém… Assim que nos pegamos torcendo pela mocinha do filme. Ou pelo vilão…
Ouvindo no outro o eco de nós.
7) Tomei coragem e…
Pois é. Quantos de nós estamos em busca de um pouco mais de coragem? Para conversar com o menino da festa. Para mudar de profissão ou emprego. Para deixar um casamento infeliz. Para assumir uma nova escolha, difícil e estranha para os outros… E para nós…
Daí a identificação ainda maior… Acho que foi isso que me “pegou”.
Afinal, este post… Bem, este post destoou de Tempo de Quarar… Mas eu me sinto assim, um pouco poesia, um pouco pop.
E enfrentar o medo do julgamento alheio por admitir ter sido capturada pela “fórmula”… Não deixa de ser uma forma de descascar cebola?
Eu também choro ouvindo “Jesus Cristo“. #Prontofalei.
Agora você pode falar. O que você acha?
E para fechar, uma versão divertida, dando o tal verniz “cult” para “Ai, se eu te pego”…
Para uma análise do fenômeno sob a ótica das transformações socioeconomicoculturais do mundo hipeconectado, ver essa coluna de Hermano Vianna.
O Hermano abraça essa teoria, exposta no último parágrafo da coluna, de que com a facilidade de compartilhamento digital o autor vai morrer e o domínio público é o destino inapelável da arte, como no tempo do folclore.
Eu acho que a presença avassaladora do mercado nessa equação faz com que o domínio público no mundo hiperconectado seja muito diferente do domínio público do folclore.
Mas é uma boa conversa.
E Michel Teló pode ser interessante, fenomenal, um indicador de todas as filosofias mudernas do mundo, mas a música (?) é muito, mas muito ruim.
Não é sertanejo, não é rock, Justin Bieber é dez mil vezes melhor.
Nem tudo que é viral é bom, como o resfriado, por exemplo.
Taí… não desgosto totalmente. Pontos positivos: batida boa, meio baioque. Guitarra com acordeon, ou sanfona no caso, é uma boa idéia. Até eu usei a mistura numa apresentação. A minha canção era Layla, do Clapton, mas aí já seria outro capítulo. Voltando ao teló, o que me incomoda é que, apesar da nossa música já não ser tão maravilhosa aos nossos e aos olhos do mundo: Tom morreu, Chico, Caetano e Gil não são mais os mesmos e por aí vai…, eu fico meio triste de ver estas dancinhas, seja no palco, seja no campo de futebol, vulgarizando – note eu não disse popularizando – música e sexo ao mesmo tempo; duas coisas tão agradáveis deveriam ter direito a veículos mais interessantes. Seguindo as palavras do meu sábio professor de canto: a gente deve ouvir tudo e depois decidir o que quer ouvir de novo, eu diria que por mais que seja até agradável para dançar de vez em quando, não é o que eu quero ouvir sempre. Mas, se fizer alguém querer pesquisar a obra do Gonzagão, até vale a pena. Mas, será que vai?
adorei letícia!!! vamos viver mais simples e com menos amarras!!
Bjos!
Patricia, escrever nome de música de Chico Buarque e falar de Michel Teló no mesmo comentário já é estranho.
Eu nem entrei no terreno das dancinhas, e o pior é que as crianças são o um grande alvo dessas marquetadas. Tem que injetar muito Palavra Cantada nos primeiros anos. A Clara gosta, óbvio, (com moderação) de Michel Teló, mas agora no carro pede pra tocar aquela do assovio no início.
Há esperanças…
Pessoal, já adorei o rebuliço…
Este é o espírito. Cada um com seu ponto de vista, que viver mais simples é caminho próprio, cada um trilha o seu…
Adorei Leticia! É isso: deixar sentir, permitir-se gostar ou não de qualquer coisa por nós mesmos. Pra sensação não existe escola, academia, regra. Beijos! Gi
Isso mesmo, Gisele. Coragem para sermos nós mesmos, ainda que correndo o risco de parecer ridículas ou fora de moda…
Eu gosto do Pato Donald cantando até Axé!
bjs