Quantos de nós vivemos dias difíceis, enfrentando desafios, avançando com dificuldade.
Tão tentador mergulhar na avalanche de nossas tarefas, cultivando perene insatisfação.
Afinal, “sempre pode melhorar”.
Sim e não.
Sim, acredito na beleza de tentarmos ser pessoas melhores. Pais, filhos, irmãos, profissionais, maridos e esposas melhores.
Acredito no autoconhecimento, no desenvolvimento espiritual. Acredito que temos desafios de vida inteira a trabalhar. Acredito inclusive que há desafios para mais de uma vida.
Mas não.
Não encorajo uma busca incessante, sem intervalo para agradecer, contemplar, descansar.
Entre uma pedra e outra, é preciso sombra.
Antes do próximo salto, é preciso pausa.
Não nasci sabendo isso. Aprendi duramente, indo além do meu limite e do limite do meu limite.
Aprendi encontrando-me constantemente exausta e pagando um alto preço.
Na vida, tudo é incerto. Mas há uma certeza: dias turbulentos virão.
Cabe a nós seguir com a serenidade possível na tempestade.
Cabe a nós aproveitar cada dia de sol, cada arco-íris. Ou mesmo a chuva. Sobretudo a chuva.
Remamos até uma margem. Haverão outras. Mas por um instante, permitamos ao coração um momento de deleite. Consegui. Superei. Sobrevivi.
Saborear a conquista. Degustar o trabalho bem feito, a decisão acertada, o amor que soubemos compartilhar.
Agradecer e parabenizar-se.
Sem vaidade, mas com o orgulho bom de quem realizou ou simplesmente persistiu.
Esta semana foi especialmente agitada.
Deixei vários pratos no chão, mas não os mais importantes.
Isso eu celebro.
Estou atrasada. Cansada.
Mas caminhei passos significativos. Desatei nós antigos.
Por isso, sou grata.
Dormi menos que deveria. Mas sonhei.
E saborear estes sonhos e o tanto realizado me nutre de amanhãs.