A interrogação
O peito palpita inquieto.
Será? Quando? Como?
Respiro. Suspiro.
Não saber. Estar na escuridão e lançar-se num passo. E outro.
Enfrentar receios e vazios. Saltar no espaço, sem ser bailarina. Aprender a ser bailarina, meio no improviso.
Na falta de uma vela, fazer o coração luminoso e nele guiar-se.
Não hesitar, face ao Mar Vermelho. Salgar-se de esperança.
Quando o dia é de lassidão, abraçar a preguiça como o descanso de um guerreiro.
Sentir-se livre. Sentir-se tonta.
No dentro, sentimentos espremidos.
Libertá-los.
Saudade. Coragem. Vontade. Tristeza.
Bater asas, bater palmas, bater o pé.
Afrouxar o laço, afrouxar o riso, afrouxar as mãos crispadas sobre o destino.
Fazer do ponto de interrogação, um grande balanço.
E balançar-se como se fora antes, como ser fora criança sem medo da queda.