O que fazer face à Morte?
Como viver dia após dia, sabendo que é inexorável morrermos?
Não é possível escapar. Nem nós, nem quem amamos.
Sentir e pensar gestados no último Workshop dos Sonhos de Adriana Ferreira.
Três dias experimentando um pouco da vida e da morte, num trabalho sobre as estações da vida.
Volto, para descobrir que a mãe de um de meus mais queridos amigos partira.
O que dizer? O que fazer?
Invoquei meu coração, que descubro um guerreiro valoroso e cheio de coragem. Disse, simplesmente: “Sinto muito não ter estado com você nesta hora”.
Nada de frases de consolo ou de referências a quem foi.
Na hora da morte, só nos resta honrar a vida e os vivos. Os vivos é quem choram, deparando-se com a falta, a memória, o que não foi e jamais será.
O que nos resta? O que podemos fazer diante da morte?
Diante da iminente e, ainda assim, inesperada hora da partida, só nos resta viver fundo e forte cada dia desta jornada.
Não estocar tempo bom. Não perder tempo com mágoas, vinganças e reclamações.
O caminho é em frente e eu vou com tudo. Diante da morte, só me resta a vida. Vida que pulsa em todo o meu corpo e chega nas pernas que querem ir longe, bem longe.
Vida que escorre em lágrimas de alegria e tristeza, dos olhos que veem um horizonte imenso e grávido de mim.
Diante da morte, é hora de ser mais amigo que nunca. É hora de enamorar-se de quem amamos. É hora de rir, chorar, gritar e dançar.
A morte vem adiante. Vamos ao encontro dela com sangue nas veias.
Para que, quando for a hora, lamentemos apenas não poder brincar mais, não poder amar mais.
Que não haja arrependimento pelo que não foi feito. Apenas gratidão por tudo que experimentamos e o legado de amor e construção que não mais nos pertencerá.
A morte é certa. Todo o resto é possibilidade.
Para Vicente, Claudinha e Elisa.