A mulher selvagem emerge.
Nos sucos e seivas que renascem dentro.
Na música que irrompe em voz e desejos.
Nos pés que preferem estar descalços.
Na vontade de contar histórias, de enfeitar-se, descobrir segredos profundos.
A mulher selvagem desperta.
Ouvindo os sinais da alma.
Prestando atenção na lua, no vento, na chuva.
Paciente na espera. Destemida no caminhar.
Movimentos, crescimentos, vida-morte-vida.
A mulher selvagem acolhe o ciclo inexorável de todas as coisas.
Não teme os ossos, os esqueletos, as podridões e os porões.
É preciso, para novamente ser carne.
A mulher selvagem me convida para uma valsa.
Uma longa, assustadora e inevitável valsa.
Com medo e tudo, eu vou.