Acertando contas

 Em autoconhecimento

O assunto presença está na minha pauta.
Fazer boas escolhas, ouvindo o que preciso hoje.
Eleger com consciência onde alocar minha energia e tempo, recursos preciosos.
Ouvir mais o meu corpo, que range, dói e engorda com o meu ritmo acelerado, cansaço e impulsividade.
Presto atenção. Até me distrair. E aí recomeço.

Ilse Van Garderen

Não posso contemplar tudo e todos.  O foco é nas crianças, no casamento, na carreira em fase de broto.
Mas percebo, um pouco triste, que o preço de algumas escolhas é salgado.
Tentando me respeitar, às vezes atropelo o outro.
E quando estou desatenta, de novo atropelo o outro.
Então me exijo e não me perdoo. E aí a atropelada sou eu.

Faço novas amizades, teço encontros. Apenas para descobrir as limitações de minha capacidade de estar com estas pessoas.

Todo o dia reconstruo minha vida. Cada dia, um pouco melhor.
Mas sempre o saldo de perdas e ganhos. Inevitável.

Faço tudo com boa intenção. Mas delas, o inferno está cheio.
Tento aprender com os tropeços.  Tento abraçar-me e ver que dou conta de um tanto, de outro, não há como.

Não quero me justificar. Mas também não mereço pedra.
Sigo assim, nesta incoerência.
Uns dias mais querida. Outros dias, com a gaveta da ouvidoria lotada de queixas. Muitos dias, as duas coisas.

Reflito.
Não será possível agradar a todos. Provavelmente, só uns poucos e só de vez em quando.
Tento manter a casa sem peixes podres. Mas há  dias em que não vejo peixe algum e estão lá, mal-cheirosos.

Pergunto-me: não é melhor recolher-me? Retirar-me? É duro para meu  coração hiper-generoso e super-carente de contato. Mas é bom para poupar quem amo (incluindo eu).
De minhas condescendências
Meus não solicitados conselhos.
Uma desatenção aqui e ali.
Minha exigência intransigente.

Estou no meio de batalhas pessoais difíceis. Seria bom ter todo o apoio do mundo.
Mas aí eu não aprenderia. Aí não melhoraria como ser humano.

Aturdida e com um pouco de gastrite, pergunto ao meu coração.
O que quero hoje?
O que posso hoje?

A resposta, eu já sabia.
Posso só um pouco. O resto, fica para amanhã.

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Showing 4 comments
  • Thaís Teixeira
    Responder

    bela reflexão querida…me sinto assim como você muitas vezes na sede de compartilhar e estar com pessoas queridas…mas nessa lista eu tenho que estar presente foi bom ler você para lembrar disso…beijo obrigada por estar presente como pode!

  • Anelisa
    Responder

    De forma nenhuma está sozinha, humanidade e maternidade sem culpas é impossível! A busca pela excelência é sempre massacrante.
    "O pequeno sucesso: O grande nasce pequeno. O pássaro que voa baixo, é ouvido por todos. Dedique-se aos pequenos projetos. Seja humilde e moderado em suas ações e palavras, cultive o simples."
    I Ching 62, sempre reconfortante quando presisamos escolher em que frente lutar!
    Bom dia!

  • Leticia Carneiro da Silva
    Responder

    Obrigada, Thaís. Ser nosso melhor possível significa compreender que não podemos tudo. Vamos juntas!

  • Leticia Carneiro da Silva
    Responder

    Muito lindo. Adorei, Anelisa! Obrigada!

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