Alguma vez fui vítima de discriminação?
Sim e Não.
Sim, pelos desafios enfrentados na minha condição de latino-americana, falante de português (e portanto amadora em outras línguas).
Já sofri desprezo visitando Paris (não dos muito parisienses que tanto me ajudaram nas ruas, mas por parte de pessoas que trabalham com turistas no Louvre, no Metrô, em restaurantes).
Já ouvi piadinhas desmerecendo o Brasil por parte de meus amigos ingleses nos tempos em que vivi em Londres.
Já até tive que levar com bom humor diferenças Rio X São Paulo.
Não porque nada disso foi uma barreira para eu -eventualmente- ser reconhecida pelo meu trabalho e simpatia. Não porque também não sofri violências extremas, que me aviltassem ou me agredissem.
Prefiro dizer que encontrei estranhamentos no meio do meu caminho. Pessoas que -por ignorância quase inocente- caíram na fácil tentação de desmerecer o desconhecido com base em estereótipos e tropeços linguísticos.
Não consigo me sentir bem em Paris por conta de meus percalços, mas este é o único efeito colateral destas pequenas desventuras que sofri.
Nada comparável à violência já descrita nos jornais contra gays, minorias étnicas, mulheres.
Nunca perdi uma oportunidade por preconceito ou discriminação (até onde tenho conhecimento).
Nunca me senti verdadeiramente humilhada ou cerceada nos meus direitos.
Portanto, mais não do que sim.
Um privilégio, em tempos onde ainda há tanta barbárie e desamor pelo próximo.
Este é um post da série “6 Bilhões de Outros”, inspirada neste projeto aqui.
Mais detalhes do projeto neste post.