“Oi”.
“Você conhece ele?” pergunto ao meu filho de seis anos.
“Não, mas eu gosto de dar oizinho para os outros”
Lição da manhã de hoje, que me deixou emocionada: oferecer um gesto de abrigo para o outro. Só pelo bem de fazê-lo.
Já falei do poder de ajudar um estranho nos dias difíceis. Hoje quero falar de ajudar a quem está ao seu lado.
Não hoje. Mas amanhã.
Para mim, o coração do caminho próprio é servir. Servir ao meu propósito. Servir como ponte entre eu e o mundo. Servir como ponte entre o outro e o mundo. Servir como ponte entre o outro e seu propósito. E todas as combinações possíveis deste servir.
Por estar tão conectada com o outro, fico muito mobilizada com quem não tem ninguém para lhe aparar na velhice.
Eu sou muito grata a meus avós e meus pais. Meus avós já estão bem acompanhados, lá no andar de cima. Tenho a benção de ter meus pais aqui e não posso conceber um futuro onde eu não os acolha (e retribua uma pequena fração) do tanto que me proporcionaram. Especialmente se eles estiverem debilitados, física ou mentalmente.
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Hoje ouvi minha (boa)madrasta contar horrorizada o nível de abandono de alguns idosos que vivem em “retiros”.
Não faço juízo de valor das razões para uma família preferir abrigar seu idoso num lugar assim, conheço muita gente boa que o fez.
Mas não entendo filhos e netos não visitarem jamais o seu velhinho ou velhinha.
Ouvi que há lugares que tranquilizam os familiares “Mandamos o boleto para sua casa e te chamamos se precisar”. Como quem diz: “pode esquecer esta pessoa, nos cuidaremos dela para você”.
Ouvi a história de uma senhora perguntando angustiada: “mas como eles vão saber que eu estou aqui, se nunca vêm me visitar?”.
Ouvi uma outra, sobre a avó que passou o dinheiro para o filho e depois que este morreu, a nora e os netos só querem saber de usufruir do dinheiro (ao invés da avó).
Fico muito triste. Sei que nem todo pai é bom para os filhos. E entendo que haja motivos para alguém se distanciar de um parente próximo.
Mas de todo o coração, desejo que isto nunca aconteça comigo. Acho que morreria de tristeza se em meu coração não pudesse mais caber a compaixão por um velhinho doente, mesmo que rabugento ou quem sabe até cruel.
Espero ser presenteada com velhinhos saudáveis por um bom tempo, para poder trocar afeto, histórias e pequenas implicâncias… Que a vida é agora e o tempo é curto para brigar.
E você? Como anda a troca com seus próprios velhinhos?