Amar as marcas do caminho

 Em aprendizado, autenticidade, balanço, caminho próprio, honrar o caminho

O ano começou com muitas reflexões e promessa de mudança.

Tanto frescor, tanta novidade!
Mas havia algo mais.  Olhei para dentro e senti vontade de honrar também o que é antigo, o que lentamente se apaga.
Banhei-me nas águas tranquilas e no andar sussurrante do amadurecer.
Pulsou em mim um desejo de paz, de estar sem pressa neste mundo. Acolher todos os anos que  correm em minhas veias.
Hoje solto minhas velas neste lago profundo que é desfrutar o tempo que já passou.
Não é nostalgia, pois não é sobre o passado que escrevo. É sobre o meu corpo e minha vida presente, com todas as tatuagens estampadas ano após ano nesta aventura de vida inteira.
Dei-me tempo para enxergar o que a correria dos dias nublava: já não sou tão jovem e isso tem seu preço, nem de todo mau.
Sim, meu corpo range e dói em algumas partes. Não se recupera tão serelepe de meus (muitos) desrespeitos a seus limites.
Tampouco estou decrépita, claro. Sinto-me bem viva e com toda energia de quem recomeça estradas.
Estou neste ponto quase meio, contudo ainda bem longe do fim (espero).
Comecei desacelerando. Desliguei as turbinas do trabalho, apreciei o mar, as areias, o vento e as cores do verão.
Cozinhei um pouco. Ouvi pessoas.
Tentei, com algum êxito, silenciar meus próprios excessos.
Orgulhei-me das cicatrizes, perdoei arrependimentos.  Apaguei histórias vencidas.
Experimentei viver alguns dias como se não houvesse amanhã. Outros, como se não houvesse ontem.
Mapeei minhas fragilidades físicas e preocupei-me, como há muito não fazia.
Concluí passar muito tempo alimentando bobagens e irrelevâncias, machucados desimportantes que uma boa noite de sono apaga.
É processo para muitos anos, eu sei.
Mas foi nutritivo.
Deste mergulho, trago mais otimismo. Percebo que algo desinflama em meu coração e isto é bom.
Para celebrar esta vida já tão repleta de passos, decidi não mais esconder meus cabelos brancos.
(Como tudo, é teste e pode ser revertido, se me aprouver).
Mas por agora, olho enternecida os primeiros fios se espalharem, teia de minha história, rumo do meu saber ser.
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