Há dez anos, experimentei uma forma de amor inédita.
Amor de ser mãe.
Amor que me abraçou, me curou, me amansou.
Amor além do horizonte, ampliando minhas asas, adoçando minha voz, revelando talentos adormecidos: Cantora. Contadora de histórias. Explicadora. Exemplo ambulante, 24h ao dia.
Aprendi mais do que ensinei.
Aprendi a pedir perdão, aprendi a chorar inconsolável de medo, cansaço ou mesmo amor sem medida.
Aprendi a improvisar. Como quando o entreti com um copo e um canudo por quarenta minutos, esperando por um voo.
Revisitando fotos, a nostalgia bateu forte no peito.
Passou tão rápido. O tempo escorrido entre os dedos deixou um gosto de quero mais.
E eu desfrutei e desfruto, é verdade. Mas tantos momentos felizes enfileirados deram uma saudade.
Há dez anos, eu descobri o que era fazer vida. A magia e o mistério de ver brotar de mim um infinito de maravilhas.
Agora sinto a urgência de lhe fazer um cafuné, gritar eu te amo mil vezes, olhar incansavelmente a respiração suave no seu peito adormecido.
Dou-me conta de que o resto importa menos do que estes preciosos momentos derretidos no escorrer das horas.
Percebo.
A longitude e latitude expandidas do meu coração. Tão largo. Tão perto.
Suspiro.
Este milagre de caber tudo aqui dentro. Estas memórias felizes, este amor de tamanho incomensurável.
Meu coração é bem grande. Você o fez crescer, meu filho.