O vento sussurra caminhos.
A brisa seminvisível. É preciso estar atento para não perder suas nuances. Uma folha se remexe lânguida. Um piscar de olhos.
Aquela rajada súbita, seca, levantadora de poeira e saias. Prenúncio de mudança.
O vento gelado, cortante das manhãs próximas ao mar, dos países do hemisfério norte, das montanhas.
O ar abafado das tardes de verão inclemente.
Cada um tem seus segredos.
Se distraídos, não aprendemos com o vento.
Há tempos na vida, de ficar praticamente imóvel.
Aguardando a hora propícia, contemplando minúcias. Ritmo lento, de observação e encantamento.
Outros tempos são de ímpeto. Rasgar papéis velhos, deixar um corpo antigo para vestir um novo.
Há tempos de proteção. De coberta (e não descoberta). Deixar apenas a pontinha do nariz de fora, para sabermo-nos vivos.
Há dias onde é preciso estirar-se como um lagarto e beber muita água.
Cada vento, um tempo.
Cada vida, um vento.
Hoje, é dia de brisa fresca, tempo de fim de deserto.
Recente, portanto não é hora de içar todas as velas. Ainda.
Ouça o vento em seu coração. Ele te guiará.