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Tenho pensado muito em sonhos e em modelos inspiradores de gente com fé no sonhar, mas com capacidade de fazer.
Afinal, sonho realizado nos faz tão mais felizes…
Neste espírito, outro dia eu perguntava ao meu marido: “Você conhece algum Ícaro que tenha dado certo?” Ele prontamente respondeu: “Claro, Dédalo“.
Para os que não conhecem a história de Ícaro, nem da canção dos anos oitenta, conto minha interpretação, aproveitando a imprecisão típica dos mitos gregos:
Dédalo era pai de Ícaro e viviam aprisionados por um rei vingativo. Mas Dédalo era um empreendedor engenhoso e criou asas de penas e cera para que escapassem. Antes de partirem, alertou o filho para o perigo de ficar muito perto do sol e derreter a cera ou ficar muito perto do mar e encharcar as penas.
No entanto, Ícaro esqueceu os conselhos sensatos do pai, deslumbrado com a liberdade recém-adquirida. Voou na direção do sol e acabou morrendo, asas derretidas em queda livre.
Dédalo, por sua vez, chegou do outro lado. Em que pese a dor terrível de perder um filho, conseguiu escapar da prisão em que vivia, usando seus talentos de artífice.
Por quê, então, Ícaro é tão mais famoso que Dédalo?
Acho muito poético e inspirador este arrebatamento de Ícaro. Este encantamento com a liberdade, com a amplitude, com a beleza do sol e do céu. Mas será que Dédalo também não sentiu o mesmo? Será que não respirou fundo o ar salgado, antevendo os dias melhores que viriam?
Gosto de crer que sim. Mas nós, tão humanos, nos solidarizamos com Ícaro, que morreu de tanto sonhar. A fantasia do mártir, do sonhador em sofrimento… Ah, pura poesia e emoção.
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