Sou corajosa.
Andava falando mais sobre coragem do que medo. Até estes últimos tempos.
Pela primeira vez, em minha vida, tenho medo como cidadã.
Medo de não poder expressar minhas opiniões. Medo de ver pessoas torturadas, presas, caladas por serem oposição ao Governo.
Medo de que práticas abomináveis que estudei nos livros de história ainda sejam vivas, no meu Brasil querido, no meu Rio.
Eu que lia, com curiosidade compassiva e distraída, sobre este tipo de evento em países distantes, “incivilizados”.
Mal sabia.
Noite de 21 de julho de 2013, a dois quarteirões de minha casa. Não encontrei o autor, se souberem, me avisem. |
Agora, concentro-me para seguir no meu propósito, não esmorecer, não murchar.
Não fazer com que a voz da violência cale a voz da justiça, do amor, da generosidade.
Evoco Martin Luther King, Gandhi, Mandela. E medito sobre maneiras de ajudar neste movimento pela não-violência, pela honestidade, pela melhoria da vida dentro e fora das favelas.
Ainda não sei a resposta.
Esforço-me para não me acovardar. Para manter acesa a chama da vontade de mudança.
Informo-me e isto é penoso. Mais fácil seria desligar o facebook e acreditar nas meias-verdades ou mentiras inteiras que andam por aí, na mídia tradicional.
Mais fácil seria me mudar para outra cidade, ou fingir que é um problema menor, uma mazela partidária, um embolado de baderneiros.
Mais fácil seria acreditar que UPP é bom, que bandido bom é bandido morto, que o Rio de Janeiro melhorou.
Bem mais fácil.
Queria viver os dias gloriosos de ufanismo com a Copa, com as Olímpiadas. Ou os tempos ingênuos de questionar “Imagina na Copa” quando atrasam uns aviões no aeroporto.
Mas já passou. Não posso “desver”o tanto que li, que vi.
Mais ainda, fragmentos do passado começam a fazer sentido. Um pouco sobre milícias. Um pouco sobre corrupção e troca de favores. Comparações entre Venezuela, Bolívia e Brasil.
Nenhum país é democracia garantida. É o olhar atento de cada um de nós que resguardará nossas liberdades individuais e coletivas.
Vamos todos de mãos dadas, pois tempos bem mais sombrios podem estar se avizinhando.
Convido todos a refletir e para isso disponibilizo alguns dos textos que me deixaram alerta.
E se alguém achar que estou me alarmando a toa e tiver fatos para me tranquillizar, por favor, mandem com urgência. O coração agradece.
O risco de um estado policial – Carta Capital
O risco da supressão das liberdades – ILBlog
Calando a boca de dissidentes – O Globo
Uma mensagem de esperança – Leonardo Boff