O último texto deste blog datado de março. Coincidente, o mesmo mês em que decidi uma nova mudança profunda (mais uma): mudar-me para a Casa de Praia.
De lá para cá, assentar-me. Conciliar desejos da família, acomodar conflitos, manter-me autêntica e, ao mesmo tempo, empática.
2021 não tem sido um ano fácil, mas em muitos sentido tenho conseguido seguir o plano de “Um Ano Ordinário“. “Um ano para ajustar as velas, sabendo que a tempestade ainda não passou.”
Revisitando as vontades-frouxas do ano, surpreendo-me com o quanto está bem encaminhado. E claro, os percalços de sempre, pois a vida é como o mar. Ondas mais ou menos altas, a depender dos ventos e da lua. Agora, mais do que nunca, caminho sintonizada com as forças da natureza.
Os maiores avanços do ano, sem dúvida:
Cultivar o florescer dos filhos: atravessamos juntos um 2020 difícil. 2021 trouxe também suas pedras. Apesar de tudo, seguimos unidos, com uma intimidade e amor genuínos, raízes fundas ancorando a travessia. Eu aqui no meu balneário, visitada quinzenalmente por Olivia. Uma vez por mês, uma visita mais longa a Léo, no Rio. O desafio da saudade é apoiado pela temperança, pela intuição e pelo suporte valioso das amizades e de profissionais que me acompanham.
Amor ao aprendizado: nunca estudei tanto. A SBDG finalizada, Formatura em uma semana, TCC entregue (um lindo trabalho, no nosso trio de pessoas especiais, Bia e Luciano). A EKR de vento em popa, eu aprendendo sobre a Morte, o Luto, o Amor e como cuidar de tudo isto num mundo avesso a encarar de frente o inevitável. Experimentos com Estruturas Libertadoras; Aprofundamento em CNV… Leituras, mergulhos, aprendizados. Segurança Psicológica. Burn Out. Como dar asas á vida, para que se expresse ricamente e com ternura. Especialmente nos ambientes de trabalho.
No meio do caminho, “Trabalho Transformador“. Sem dúvida um ano de grandes realizações, trabalhos profundos e ousados. Experimentos, mergulhos. O suficiente para o arroz do dia, sem grandes excessos. Um ano de parcimônia na energia e gestação, sem desespero.
O espaço para a vida espiritual ainda modesto, porém vivo nas fogueiras, nas conversas com a tia Lúcia e a amiga ZodiHaicai… O tarô sempre perto, o mar como trilha de fundo. O testemunho do luto como caminho possível de transcender o véu tênue entre mundos.
Honrar os ancestrais com muita lentidão… O inventário ainda inacabado (mas em lento movimento). A festa de Natal, bem… Deve ser no Natal mesmo, em outro formato, já que a vacina tardou.
A vida a dois na busca em um novo ponto de encontro entre a mulher-oceânico e o homem-luz. Lançamo-nos corajosos em buscar novos horizontes e compreender nossas trajetórias, juntos.
O corpo, este está um tanto maltratado… O inverno me tirou de dentro da água e, muito aos poucos, venço a preguiça das caminhadas. O check up feito, com sinais amarelos a investigar. Nada grave, no entanto é preciso vigília.
A grande novidade é este viver mais simples de fato, cozinhando quitutes, tomando meu tempo. Mirando o sol que se põe cada dia mais espetacular. Resgatando laços. Reformando a casa, cuidando de meus gatos. Um sossego inédito e ainda desconfortável. Ao mesmo tempo natural e inexorável…
Tomo meu tempo, intuindo desabrochar de novos caminhos, novos trabalhos, novas possibilidades.
Abraço o imponderável. Até quando fico na “roça”? Não sei. Por agora, com certeza.
Um ano frugal, sem grandes viagens ou mirabolâncias. Um ano… Ordinário.