Pois é, sou uma mulher gorda.
Podem chamar de grande, gordinha, fofinha, etc.
Mas, na real, é gorda e ponto.
Vejam bem, considero-me uma mulher gorda de muita sorte.
Sou muito bonita e tenho inúmeros atrativos para além do corpo. Tenho um marido que me acha linda e amigos idem.
E quase sempre sou capaz de me lembrar disso.
Imagem: Negahambuguer http://catarse.me/pt/belezareal |
Quero muito emagrecer, é verdade.
Mas não o suficiente para priorizar um regime ou uma atividade física versus as outras coisas que me fazem feliz (por exemplo, comer…).
Monitoro minha saúde e tenho métricas invejáveis nos famigerados indicadores: glicose, colesterol, etc.
Claro que os joelhos reclamam e a coluna também, mas para isso invoco o Pilates e minha terapeuta corporal mágica Eliane.
Enfim, estar gorda, no meu caso, não é uma questão demasiadamente grave, se eu ignorar as capas de revista e seus ecos dentro de mim mesma.
Não sou ingênua. Estar gorda é um desafio. Comprar roupas passa a ser um exercício penoso e constrangedor. Os amigos bem intencionados nos oferecem toda a sorte de panacéia se distraidamente nos queixamos “eu engordei”… E os quilos extras, vez por outra, pesam para valer.
Na contramão disso tudo, tenho abraçado um outro conceito, mais revolucionário.
Decidi que vou emagrecer o suficiente para não perder roupas, mas prefiro investir no meu feminino de outras formas.
Começou há umas semanas, conversando com um amigo especial que me desafiou: você não precisa ser magra para ser bonita e feminina.
Ele tem razão, é claro.
Venho cultivando pequenas vitórias: a maquiagem bem feita, incursões na manicure. O cabelo pintado em dia. Sair de brincos. Pequenos cuidados comigo e com o outro. Mais delicadeza. Mais doçura. Mais chamegos.
Não acerto sempre, mas estou mais atenta.
Neste movimento, esbarrei hoje com esta campanha, presente da amiga lindíssima e antenada, Daniela Dias.
Encantei-me com a ideia de um livro celebrando os diversos jeitos de ser mulher com mais compaixão e menos exigência.
Celebremos nossos peitos caídos, nossas barrrigas flácidas, testemunhas de gestações bem amadas.
Admiremos o gesto sutil, a sensualidade implícita, a elegância, a gentileza, a inteligência. A alegria de viver, o sorriso brejeiro, o bom humor, as curvas bem e mal intencionadas. Belezas raras e meio esquecidas, desde os tempos de Boticelli e Rita Hayworth.
Abracemos nossas imperfeições com verdade, não só discurso de sabonete.
E aí, tem que fazer, não basta falar:
Elogie a amiga que não tem corpo nem cara de miss, que corajosamente abriu mão do Botox, do silicone e do photoshop.
E elogiemos também a amiga que usou tudo isso, mas cujas lindezas maiores residem no coração e na alma.
Cuidemos de nossas meninas, massacradas por propagandas de Barbie, Princesas e ícones pops anoréxicas.
E também, se não for pedir muito, vamos ajudar Negahamburguer com o projeto dela: http://vimeo.com/75928279
Uma iniciativa singela, que cativou meu coração. Não precisa ser muito. Se um montão de gente der um pouquinho, o sonho sai do papel.
Eu me comovi com a beleza da imagem aí de cima, de autoria dela. Poderia bem ser eu. Acho até que é.
Então convido a todas e todos, gordos e magros.
Vamos ajudar Negahamburguer a imortalizar a beleza possível, esta que todos temos, mesmos sem saber.
Eu já fiz minha parte e agora convido todos vocês.
Por um mundo onde ser lindo venha mais de dentro do que de fora!