Sinto palavras como coisas vivas, pulsantes, entranhadas de magia.
O sabor salgado de algumas. A luz trêmula de outras.
Esta semana, duas ficaram valsando dentro de mim.
Desbotar. Desabotoar.
Desbotar é nostálgico. Lembro de roupas velhas, de fotos antigas. De roupa que perde a cor de tanto uso. Imagino também, entre compaixão e tristeza, que algumas pessoas desbotam.
Deixam a vitalidade colorida da existência escorrer em displicente abandono, entretidas com uma vida insossa, inodora e insípida.
Ou sucumbem a tristezas e ressentimentos caudalosos, que de tanto encharcar a alma, desbotam-na.
Desabotoar é sensual. Evoca vestidos demorados de desvestir. O paradoxo entre a pressa de amar e a volúpia inebriante da espera. Sugere silhuetas reveladas por um, apenas um botão aberto.
Seu tempo é lento, cuidadoso ou desajeitado. Também lembra um pouco de romance de antigamente. Talvez o Tantra?
Revelar-se intenso e delicioso na espera paciente dos dedos.
Palavras, lindas palavras. Minhas palavras queridas, guardadas em estantes do tempo. Algumas esquecidas, outras gastas, vazias. Umas cotidianas, pão com manteiga nosso de cada dia.
Todas amadas por mim.
Nácar Solitude Fluorescente Baunilha Poema Maresia Lírico Inefável Aveludado Caranguejo Arrepio
Palavras-oxigênio do meu caminhar.