A vida da gente é assim, sacolejo.
Um dia, tudo é paz, anda “nos conformes”.
No outro…
Rasteira, susto, sonho adiado, medo mesmo.
Nestas horas mais duras, gosto de lembrar do pé de manjericão de minha menina Olivia.
Não é uma muda qualquer. Planta obstinada, com vontade de ficar neste mundo.
Por (pelo menos) duas vezes virou galho esturricado e amarelo, castigado por minha inabilidade de regar plantas e prestar atenção nos seres verdes (ando muito distraída com as pessoas…).
Contra todas as previsões, este heróico pé de manjericão jamais sucumbiu. Ao contrário, cresceu folha por folha. Desafiador, lançou-se de novo e de novo ao espaço inóspito da cozinha.
Já são quase dois anos e nosso manjericão prossegue teimosamente verde.
Imagino seus monólogos:
“Ah, não me derrubam não”
“Fico quietinho aqui, até encontrar um pouco de água”
“Amanhã vai ser melhor. Vão finalmente me regar”
“O amor da menina é grande. A mãe vai acabar se lembrando de mim”
Dia após dia, este pé de manjericão me ensina. Às vezes, haverá chuva suficiente. Outras, é preciso resistir ao seco, à falta, ao difícil.
Olivia não nos deixa usá-lo como tempero.
Portanto ele segue assim: intocado, impávido, livre. Um orgulhoso símbolo de resiliência e coragem.