Sempre fui de caminhar com o coração aberto. Desde muito antes do viver mais simples.
De sorrir para estranhos. Abraçar forte recém-conhecidos.
Apaixonar-me por causas e pessoas.
Sempre fui assim, desde muito tempo. E, claro, paguei meu preço, mais de uma vez.
Ainda assim, segui caminhando, meu coração feliz e exposto numa bandeja…
O tempo passou e ainda me sinto assim. Mas agora é um pouco diferente.
Sim, meu coração é enorme e chega antes do resto de mim, onde vou.
Mas agora é preciso ser mais responsável.
Meu novo trabalho exige muito de meu coração. Meus filhos pequenos também. E eu, em meio à tanta e constante transformação, preciso cuidar-me mais.
Por isso andava um pouco triste. Temia ter que recolher demais o meu coração. Temia que ele se estraçalhasse no longo caminho que pretendo percorrer.
Tenho grandes sonhos de bom tamanho. Meu horizonte é amplo e já posso vê-lo, esperando por mim.
Por isso sofria em silêncio, no dilema de abrir mão de ações que me parecem necessárias, por medo de naufragar meu coração.
Até ir ao último workshop de sonhos de Adriana Ferreira. Onde dei-me conta, de forma intensa (como habitual), de que meu coração é um músculo.
Já havia descoberto asas, pernas e um aquário protegido para meus peixes.
Agora, recebo esta preciosa informação anatômica: meu coração é músculo!
Um guerreiro, treinado por décadas de muito amar e muito aprender com os tropeços do amor.
Sim, já me decepcionei com pessoas que abusaram do meu coração. Mas ele é forte e pulsa, mais experiente a cada percalço.
Eu tinha medo, muito medo, de que ele fosse mole como minhas entranhas. Macio e vulnerável. Eu tinha muito medo de perdê-lo nas minhas andanças.
Mas não, meu coração é músculo!
Sim, sinto o sofrimento dos outros muito dentro de mim e isso é assustador. Mas meu coração pulsa de novo, trazendo oxigênio e esperança.
Meu coração é forte. Mais forte do que eu sabia.
Obrigada, Adriana.