Coragem é liberdade
“Me falta coragem”. A justificativa quase unânime de muitas pessoas infelizes que conheci.
Eu entendo.
Coragem é bem difícil de cultivar.
Mas se cultiva.
Como várias virtudes, coragem é algo que podemos aprender. E se praticarmos, ela vai ficar cada vez mais forte e presente.
Cada vez conseguiremos evocá-la com mais facilidade (e claro, maiores serão os medos e os desafios…).
Quando decidi deixar a vida de executiva, há mais de quatro anos, não foi a coragem que me moveu primeiro.
Primeiro foi o cansaço, o sufoco, o fundo do poço.
Muitas vezes é assim. Tornamo-nos corajosos no limite de nossas forças. Quando a opção é pior, muito pior. Ali, tive coragem de pedir umas férias fora de hora.
O fundo do poço me levou a um “mini-sabático”. Ali, pude respirar e planejar.
Segundo aprendizado. A coragem fica mais forte quando estamos menos exaustos. Passei uma semana cuidando de mim, entre massagens e uma melhor nutrição. Levei um caderno em branco. Levei livros para inspirar.
Ali, formei a coragem de sonhar um novo modelo de vida, o viver mais simples.
Negociada a mudança com o marido, foi a hora de “emboscar” a chefe no corredor. Eu tinha um plano e também um entendimento maior da razão para sair. Não era a empresa. Era eu, workaholic, precisando de respiro e uma mudança mais radical.
Ali, tive convicção no que era preciso para mim e esta convicção me fez ter calma e serenidade para avançar no meu plano.
Saí da empresa e fui caminhando. Mudei-me para o Rio. Encontrei casa, escola e, aos poucos, ocupação. A cada ação, maravilhamento. E cada ação pedia outras.
Ali, pus-me em movimento, ganhando velocidade para minha coragem. Vencida a inércia, me restava construir o sonho.
Finalmente, a gratificação: emagreci 20 quilos e tudo parecia perfeito.
Aí veio a primeira crise: é hora de trabalhar de novo, ganhar dinheiro. Depois outra crise: a separação.
Novas crises, novos medos.
Avancei de novo.
Mas a coragem era cada vez maior.
Fiz eventos para públicos de uma a 40 pessoas. Cancelei eventos por falta de quórum. Contei para todos quando achei que meu casamento havia fracassado. Contei para todos quando descobri que estava errada.
Entrei em contato com alguém que admirava muito e o projeto não andou, mas tentei.
Inventei a Oficina Viver Mais Simples, o Café Viver Mais Simples, novos modelos de workshop Odisseia.
Fui a várias corporações, inclusive a última em que fui funcionária.
Abri novas frentes. Fechei muitas.
Desnudei-me no blog. Enfrentei crenças familiares.
Assumi ter engordado novamente meus vinte quilos.
Tive e tenho medo, todos os dias. Venço meus medos um de cada vez.
Olhando assim para trás, vejo claramente o “roteiro” que segui (e sigo).
– O fundo do poço me obrigou a parar
– A pausa me deu espaço para refletir e planejar
– A reflexão e pausa me deram convicção na mudança
– Mudei. Agi.
– Fui recompensada.
E recomeço, para lidar com os novos temores e crises. Atualmente, meu medo maior é o dinheiro acabar. Invento planos, sigo na travessia.
A cada novo medo, uma coragem mais forte.
Não me iludo. Não é fácil. Mas ao descobrir a coragem, descobri também a possibilidade de uma vida mais inteira. Momentos mais significativos. Relações mais verdadeiras.
A vida esquenta e esfria. Sigo com ela. Se ela quer coragem, vamos em frente, com tudo.
O próximo Café Viver Mais Simples é sobre “Como despertar a sua coragem”, no dia 6/6, de 8h às 10h, na Cinelândia, Rio de Janeiro.
Venha para esta conversa, conversar sobre medo, coragem e o tanto entre eles.
Vamos construir pontes e asas, juntos.
Inscrições e informações: http://even.tc/CafeVMSCoragem