Esta semana meu filho amargou derrotas no futebol.
Perdeu as chances de ganhar o campeonato de futsal. Seu time foi rebaixado para a segunda divisão.
Foi doído ver as lágrimas escorrendo em seu rosto ainda tão miúdo. Futebol é coisa muito séria para ele.
Recordou-me de minhas próprias perdas e danos.
As derrotas pessoais. As pessoas que perdi. As relações que se esgarçaram. As frustrações, medos, tropeços ardidos-áridos.
Senti também por meus amigos. Suas mortes, o muito que é desafio numa vida de carne e osso.
Ponderei tudo no meu coração. Fiquei com.
E deu uma tristeza, é verdade.
Imagem: Eric Drooker |
Mas dentro de mim, há sóis.
Os nascimentos, os sorrisos. As vidas frutificadas. Os campeonatos ganhos. A medula transplantada que se acomoda no corpo do pai da amiga.
Os milagres cotidianos e os nem tanto. Tantos.
Os bons livros, as gargalhadas, os grandes velhos e novos amigos, a afilhada que floresce. A beleza real das coisas, a chuva molhando as plantas.
A esperança, a coragem, o amor, a capacidade de se encantar e se encontrar.
Alguma tristeza ainda passeia por mim, é inevitável.
Mas por cima de tudo, sei que não sou só chuva.
Dentro de mim vivem sóis.