“Mudaram as estações
Nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim, tão diferente”
Renato Russo
Estou viajando há uma semana.
Pouco tempo no calendário, muito no coração de uma viajante.
Quando cheguei, quase tudo foi difícil.
Pensei que era azar ou pouca prática. E talvez, em uma pequena medida, fosse.
Mas sobretudo, eu estava cansada.
Preocupada com as tarefas, assoberbada com as obrigações. Sem energia.
No automático.
Nova Iorque foi um choque de realidade. Ali, aprendi que minhas escolhas seriam cruciais para que esta viagem fosse uma experiência memorável pelas razões certas.
Atravessei três dias de aceleração, erros e faltas. Aprendi tremendamente.
Mas o maior benefício de NY foi a chance de iniciar o processo de depuração:
Não consegui trabalhar.
Quase nada aconteceu como planejado.
Sendo muito honesta, fiz mais compras que passeios. Nada menos viver mais simples.
Cheguei em Portland disposta a me dar todos os refrescos possíveis.
Tomei um táxi até o hotel (que desta vez, tinha wifi).
Respeitei meu ritmo e, aos poucos, me familiarizei com a cidade e seus caminhos (muito menos tortuosos que os de NY, é bem verdade).
Mas que tudo, me familiarizei com os MEUS caminhos. Quem sou, do que preciso. O que almejo.
A pausa era necessária.
Estava “drifting away”, á deriva. Frentes demais, presença de menos.
Quando olho em retrospecto, percebo minha ausência. Dos filhos, marido, irmãos, pais, amigos. De mim.
Um monte de pontas soltas e energia zero para ligar os pontos e completar os desenhos.
Uma semana e tudo mudou. Ainda estou cansada e, sem dúvida, com muito trabalho a fazer.
No entanto, vejo com mais clareza o que é importante, o que é urgente e o que, simplesmente, não cabe no meu prato hoje.
Novas vontades frouxas, intenções de como fechar este ano já pela metade, tão atribulado.
Cheguei em Portland sem entusiasmo, um pouco envergonhada. Saí faiscando orgulho deste caminho longo, cheio de pedras e absolutamente maravilhoso que venho traçando.
Grandes desafios me aguardam. Trabalhos por fazer ou finalizar. A reconexão necessária com quem eu amo e comigo mesma.
Estou pronta. Alma novinha em folha, esperanças de asas abertas.
Estou indo de volta para casa. Mas nada será como antes. Já está escrito.