O filho de dez anos volta do clube sozinho, pela primeira vez.
Eu, aflita do outro lado da avenida movimentada, meu coração engasgado.
Ele, olhinhos brilhando, passo confiante.
Difícil demais deixar voar.
Ainda ontem ele quase cabia na palma da minha mão.
Ainda ontem eu precisava segurar sua cabeça molinha.
Ainda ontem eu era tudo que existia e parecíamos um só…
O tempo passou tão rápido.
Engatinhar. Caminhar. Falar. Ler, Escrever. Jogar Futebol.
Crescer, crescer, crescer.
Eu, feliz e assustada, já prevendo voos maiores, para mais longe de mim.
Precisei de toda a minha coragem para deixá-lo voar.
Parece tão mais seguro aqui, pertinho.
Já sofro com a terça-feira, onde nova aventura o espera.
Mais uma vez meu coração se apertará, até o dia em que não.
Deixar voar, desafio preciso de mãe.
Deixar voar, amor maior que todos.
Voe, meu filho.
Mas vai com cuidado…