Eu acredito que o maior legado que posso deixar para meus filhos são memórias felizes, uma forma eterna de marcar meu amor no coração deles.
Na última quinta-feira, tive a chance de praticar neste sentido. Fui à escola do Léo, dentro de um programa pais e filhos que eu mesma inventei.
A ideia era simples: ensinar às crianças sobre a importância do esforço, conjugados com o uso prático de ler e escrever.Convidei três outros pais para falarem de suas carreiras e como usam as palavras para exercê-las.
Começou com um pai-ator, seguido por um pai-escritor. Sucesso total.
E aí chegou minha vez. Fui contar que sou escritora.
O desafio de entreter 40 crianças de duas turmas de primeiro ano era grande.
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Lucrécio Brasil |
Comecei falando quem eu era, sob o olhar fascinado do Léo.Falei que escrevia num blog e mostrei no computador.
Neste momento, cheguei na parte principal da minha visita: contar que eu comecei a escrever com a idade deles e tive dois livros publicados.
Li um trecho de meu primeiro poema. Depois li alguns mais. E aí comecei a falar sobre poesia.
Fizemos rimas. Reconhecemos que tem música que lembra poesia.
Li Vinícius de Moraes, Cecília Meirelles, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira.
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Lucrécio Brasil |
As crianças estavam animadíssimas e queriam muito participar. Aí fui para o gran finale: juntos, escrevemos dois poemas coletivos: “A Casa Monstro” e “O Mar Azul”.
A Casa Monstro foi um “poema para assustar”, dentro do princípio que podemos fazer poemas a partir de sentimentos. Primeiro ouvi sugestões de “sujeitos assustantes”(bruxa, abóbora, etc). Depois combinamos com verbos…
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Lucrécio Brasil |
Quando fomos para o segundo poema, provoquei: “agora vamos brincar de dar cores malucas para os bichos do mar que vocês escolheram”. E foi um tal de baleia vermelha e assim por diante.
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Lucrécio Brasil |
No final, quis passar a mensagem de que a poesia -assim como o desenho, a dança e outras artes- é uma forma de registrar o que nos marcou, extravasar um sentimento, expressar-se no mundo.
Fui buscar o Léo, horas mais tarde. Fui recebida com sorrisos e abraços de muitos de minha “audiência”, o maior agradecimento que poderia receber.
Ao final, com a esperança de criar memórias felizes naquelas crianças, inventei uma memória feliz para mim! O coração está quentinho!
Querida Letícia, que belo trabalho! Você pode presentear nossas crianças-internas com seu primeiro poema também? Gostaria de vê-lo publicado! Beijo!
Comecei a escrever ainda criança, participei de festivais de poesias e com a correria diária deixei a escrita de lado. Fui motivada hoje a voltar a me expressar através da escrita!
Pamela, olhe o meu primeiro poema:
Coisas que acontecem em casa
Não gostar de cair dentes
Querer que todos os dentes caiam de uma vez
Dormir tarde
Botar café da manhã tarde
Gritos do bebê
Não levar filhos para a feira
Não arrumar cama logo
Levar bebê no colo
Conversar com a patroa
Tomar café gostoso
Querer comer pão com manteiga logo
Bernardo rasgou parte da poesia
Bernardo é bobão
É só por enquanto
Eu ia me esquecendo
Falar pouco no telefone
Ler revista escondido
Querer ir à praia
Achar de curiosidade
Ligar o aspirador de pó
Verificar seu quarto
Entrar no quarto sem avisar
Trazer uma pilha de roupa de cama
Fazer modificações no quarto limpo
Tirar cadeirinha de balanço de cima da cama
Ir falar que quer ir à praia
25/8/78
Paula,
Escreva sim.
Há uma força muito grande em nossos talentos primeiros.
Boa sorte e até breve!
Leticia