Eu sou a Montanha
Às vezes, nos dias escuros, a alma escaladora desanima ao ver quão longe é o cume.
Dias e meses vagando por desfiladeiros podem desiludir até mesmo uma cabra.
Então, irrompe de meu dentro um mantra já antigo conhecido: “Eu sou a Montanha“.
Não sou a pedra, o buraco, o vazio. Não sou o andarilho descalço, nem a bússola ou mesmo a estrada.
Eu sou a Montanha
Não sou o ser que se arrasta contra a gravidade, insignificante, impotente, amedrontado.
Eu sou a Montanha
Ergui-me há milênios, parida entre placas tectônicas em fricção. Sobrevivi a guerras, chuvas, nevascas e incêndios.
Eu sou a Montanha
Sou fruto da alquimia entre fogo, terra, água e vento. Não me curvo, não sucumbo.
Eu sou a Montanha
No ventre da terra, sussurro meu OOOMMM infinito. Pulso e, ainda assim, sou plácida e imponente firmeza.
Eu sou a Montanha
Faço pontes entre o submundo e os céus. Desafio os homens e recebo seus corpos para tornaram-se pó.
Eu sou a Montanha.
E esta certeza inabalável de que estou aqui desde o início dos tempos e estarei aqui no apagar das luzes, me anima para seguir.
Sendo.
Montanha.