Infinito Singular
Dia destes passei o dia num lugar de sonho e luta admirável. Onde cada um é convidado a ser quem é na mais profunda essência, contrariando diagnósticos, preconceitos e opiniões. Lá, perspectivas e expectativas valem menos do que o potencial presente e inesperado de cada indíviduo.
Ajudar e ajudar-se é regra, não exceção. As dificuldades são compartilhadas e atravessadas, respeitando as fronteiras inevitáveis.
Eu estava no Sentrinho, escola para pessoas “especiais”.
Foi uma grande aventura, que aqueceu meu coração. Pensar na paradoxal liberdade de não ser “normal”. Liberdade que vem com um enorme custo, é bom dizer.
Mas ainda sim, liberdade. Semente de prosperidade pessoal através do esforço, da autoestima e da esperança.
Nutrida da alegria das crianças e da determinação das cuidadoras, refleti sobre ser singular.
Sonhei uma utopia onde cada um de nós fosse aceito como é, fora de qualquer norma ou padrão.
Onde o tamanho de cada um fosse determinado por sua própria vontade de crescer.
As brincadeiras e coisas sérias fossem escolhidas com base em aptidões, preferências e necessidades.
Que qualquer jeito de ser fosse acolhido, sem comparações, exigências ou desdém.
Gordos, baixos, magros, pretos, deformados, carecas, emotivos, destemperados, pobres, mulheres (virgens ou não), velhos, crianças, doentes, imperfeitos, pessoas de todas as métricas (por dentro e por fora) fossem deliciosamente apreciadas em sua desigualdade.
Onde ser plural fosse respeitar o singular. O infinito singular que guardamos em nós. Que tantas vezes, matamos em nós.
Obrigada, Sentrinho, por me lembrar que eu também sou especial e que nem sempre o mundo lá fora me aceitará como eu sou. Mas um bom começo é que eu me aceite, desafiando limite após limite, aprendendo com meus irmãos de Macaé.
Há mais de vinte anos o Sentrinho desenvolve um trabalho de inclusão de crianças e adultos especiais através da Educação, principalmente atendendo a pessoas de baixa renda.
Aceita-se contribuições, doações de itens de casa e roupas para homens, mullheres e crianças. Quem quiser conhecer mais este projeto pode olhar AQUI.
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