Lição de casa
Um desafio que abraço com gosto é o de reinventar festas de aniversário.
Admiro a simplicidade, o retorno ao essencial.
E, na medida do possível e prático, venho experimentando várias opções de comemoração.
Neste espírito, fiz uma festa bem simples de oito anos para meu mais velho. Não sabia que se tornaria uma aventura e um grande aprendizado.
O conceito era simples: aproveitar o Conselho de Classe numa segunda e levar 14 meninos de 7-8 anos para uma tarde de brincadeiras no Parquinho do Fluminense, um programa muito querido do Léo.
Comprei bolinhas de queijo, brigadeiro e bolo. Levei TNT para servir de toalha, liberei salgados e bebidas na cantina. Contratei duas “assistentes”. A van colégio x clube foi um presente de aniversário do motoristas que o levam diariamente.
Tudo simples até…
Até os meninos descobrirem que a tarde no clube não incluía piscina e que eles estariam “confinados” ao parquinho “dos bebês”. Descobri, um pouco chocada, que não bastava um espaço bem grande para brincar, uma quadra pequena e uma mesa de totó. Eles queriam mais…
Um pequeno motim se iniciou.
No começo, tentei impor meu bom-senso e foi como soprar uma fogueira…
Nesta hora, tive uma ideia brilhante, sussurrada no meu ouvido por alguém do “andar de cima”, tenho certeza: convidei todos para uma “reunião”, cujo tema era: “Como melhorar esta festa?”
Descartada a opção piscina, ficamos com a “quadra dos grandes” e uma visita ao stand de tiro, sugerida por um filho de atleta olímpico da modalidade, portanto expert.
Selecionei-o como acompanhante na excursão de reconhecimento, onde descobrimos que o stand estaria pronto para recebê-los às 18h, mas que as quadras estavam ocupadas com as aulas do clube.
Retornei com a boa e a má notícia, devidamente comunicadas por meu “assessor”.
E aí se fez a mágica.
Ouvidos, acolhidos nos seus anseios, os meninos se conformaram com as limitações e foram brincar de verdade. Corriam, jogavam futebol e totó, suavam felizes.
Improvisei uma caça ao tesouro e às 18h, um grupo marchou para conhecer o tiro ao alvo (mas nada de brincar com fogo, só olhar).
19h, foram indo embora com seus pais, contentes, cansados e satisfeitos.
Eu, grata pela inspiração divina, aprendi: todo ser humano, mesmo aos oito anos, sabe apreciar ser considerado em seus desejos. Ainda que não plenamente atendidos.
No final, uma festa simples, de bom tamanho. E uma grande lição para meu viver mais simples.
Na festa do meu filho de 9 anos, levei 14 crianças ao boliche. O que eles mais gostaram foi a viagem ida e volta juntos na van, cantando a plenos pulmões as músicas do rádio e zoando uns com os outros. Festa simples e surpreendente para mim