Mãe de Nós
“O senhor…Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”
Guimarães Rosa (Contribuição de Eliana Miranzi)
Hoje é Dia das Mães. Mãe é onde tudo começa, onde nascemos para esta vida de nunca estar prontos…
Sobre isso quero escrever.
Aqui, juntos navegamos por várias maternidades: a minha, a de minha mãe, a de minha madrasta, a de minha comadre.
Hoje abro nossas velas para uma viagem rumo ao gestar e parir de nós mesmos…
Willow Tree |
Nascemos pelo amor e querer dos outros (também destino, dirão alguns).
O importante é que desde da saída do ventre protetor, nosso chamado é ser quem nascemos para ser. Demasiado breve estaremos por nossa conta.
A construção é lenta, demorada e cheia de tropeços. Como (infelizmente) na vida, muitos não ultrapassam a infância.
Como criança curiosa que beija panela quente, vamos nos queimando no amor, na relação (ralação?) com o outro, no construir nossa expressão, no encontrar um trabalho para chamar de nosso.
Na medida do possível, aprendemos a engatinhar, andar, correr e depois a andar novamente, mais calmos e usufruindo da vista.
E este é o desafio.
Quando tudo parece conhecido, abre-se uma nova porta. Uma crise, um escorregão, um exagero.
Hora de um novo passo. Para dentro e para frente.
Nossa gestação e parto se repetem, ciclo após ciclo. Renascemos maiores, melhores, mais fortes. Com mais cicatrizes e cabelos brancos, é bem verdade. Mas se estamos atentos e presentes, se aproveitamos os carinhos e açoites do existir, saímos cada vez mais inteiros.
Assim me sinto hoje. Novamente fechando um ciclo. Novo parto, nova Leticia. Mais eu mesma.
Agradeço a todos vocês, homens e mulheres, amigos e leitores. Parteiros de mim, junto comigo.
Feliz Dia das Mães.