Apesar do maremoto, quietude.
Lá fora trovejam transformações, aqui dentro, uma silenciosa certeza.
Minha voz.
Uma voz sutil, carregada de cicatrizes. Uma voz que há muito não ouvia.
Uma voz nua de convenções, de medos, de frivolidades.
Grave, rouca, visceral.
A voz que valsa com meu coração, percorre o esqueleto, retumbando ossos.
A voz de me querer bem, de voar, de ser.
Esta voz tão potente, amansa oceanos.
Meu barquinho navega num sussurro suave, velas bem infladas.
Sinto a primavera vir, nutrir esta alma um tanto cansada. Irrigar meus desertos.
Minhas águas tão caudalosas irrompem de seu esconderijo e se amansam numa promessa de paz.
A minha paz.