Eu gostaria que meu grande legado para meus filhos (e quiçá outras pessoas queridas) fossem memórias felizes. É impossível proteger nossos amados de todas as intempéries da vida. Inexoravelmente, veremos amigos e familiares subir ao andar de cima ou outros sustos. Mas é possível abrandar o processo, “acolchoar” o coração…
Todas as vezes que perdi alguém, passada a catarse da despedida, foram as memórias felizes que me ampararam no lidar com a saudade.
Pode ser um programa especial só você e o seu filho mais velho. Pode ser uma tarde na casa da avó. Pode ser um sabor novo, uma viagem, um novo amor ou amor renovado. Tudo isso comporá a colcha que aquecerá corações surpreendidos pelos avessos de nosso destino.
Ontem pude praticar esta crença, inadvertidamente. Um amiguinho do Léo perdeu a avó e eu estava junto da mãe quando ela soube da notícia. Ofereci-me para buscá-lo após a escola, dando uma folga para os pais administrarem a dor e a burocracia. Foi uma noite muito linda, com muita brincadeira, fantasia, bife com batata de carinha. E o primeiro banho de espuma dele.
Ainda não sei como foi a descoberta da morte para seu pequeno coração. Mas espero ter contribuído um pouquinho para amenizar este momento doído.