“Eu não sei dançar
Tão devagar
Pra te acompanhar”
Marina Lima
De todas artes que pretendo aprender, esta é primeira na lista do agora.
Dançar devagar.
Nas entrelinhas entre um passo e outro, reside uma enorme poesia, que almejo libertar.
Descansada, aprecio mais profundamente a beleza das pequenitudes.
Tenho mestres. Meu marido, minha comadre.
Penam com meus desengonçamento em lentificar.
Não desistem. Não desisto.
Pressinto uma paz incomensurável na sutileza dos mínimos passos.
Sou como uma pipa solta no ar.
Quando vejo, fui longe, muito longe.
Persisto. Respiro fundo. D-E-V-A-G-A-R
Quanto menos corro, mais avanço.
Estes milagres do tempo x espaço. Deve ser Física Quântica, nunca fui boa em ciências exatas.
Sou mais da inexatidão.
Ainda assim, sigo fascinada.
Hoje meu amor se deleitava com o gavião pousado no alto do prédio vizinho.
Imóvel. Imponente.
Nenhum movimento e tanta força ali.
Sinto uma gratidão por poder aprender estes passos lentos.
Sou aluna desastrada, me atropelo.
Mas não desisto.
É lindo poder dançar assim.
Meu coração suspira aliviado.
Uma alegria morna emerge do peito.
Desacelerando, descubro portas secretas, atalhos.
Sou pipa-gavião em treino.
Para fechar, mais uma pérola da prolífica ostra que é o Desdicionário. Imperdível.