Como se já não bastassem as montanhas, agora elas têm novo traço. Emolduram o azul-paraíso num recorte que faz obsoleta a mais moderna das TVs de alta definição.
Como se já não bastasse o vento, agora ele é mais fresco. Embala e conduz, sutil, os pensamentos que vagueiam pela mente.
Assim é o outono. Presente que ganhamos do calendário em forma de lindos dias. Estímulo para renovar folhas e sentimentos. E seguir o ciclo. O nosso ciclo.
Como se já não bastasse o outono, agora ele tem borboletas. Incontáveis sopros de transformação que parecem espalhar um pouco de poesia pelo ar a cada bater de asas.
Há centenas de borboletas pelas ruas. Há convites, também nas ruas.
Se amedrontados, contemplar o céu mais azul.
Se pessimistas, sorver a beleza que nos rodeia em 3D.
Se perdidos, pensar e repensar caminhos – está mais fresco.
Se cansados, trocar folhas e sentimentos.
Andar a pé. Ver as borboletas. Que sobrevivem a nós. Melhor. Metamorfoseiam-se para viver. E inspirar.
De repente, em meio a um ciclo de incerteza e preocupações, se fez outono. E o outono, agora, impõe novas ocupações. A primeira delas é escolher: qual estação vigora em nós?
Fiquemos com o nosso outono. O outono-borboleta.
Pedro é um querido amigo e admirável escritor.
Enviou-me este texto, convite para um esforço interno de sustentar a doçura em tempos de violência.
Meu coração aflito aceitou a oferta e pedi sua autorização para compartilhar o texto aqui no blog, como inspiração para todos nós.