Examino e a lâmina ainda está bem afiada.
Minha boa e velha espada.
Invoco minha porção samurai. É tempo de escolher.
Preciso buscar a disciplina. A contenção. A clareza.
Giro os pulsos, minha espada faísca. Não perdi o jeito.
Agora, mais precisa. Mais madura. Menos impulsiva.
Numa coreografia intuitiva, escolho o bom do não tão bom. Escolhas são difíceis.
Vigio as prioridades. Aguço o foco.
Há muito trabalho. Há muita colheita porvir.
O tempo, sempre curto. O peito, sempre acelerado.
Ë preciso intervir.
O zumbido da espada fatia os excessos. Passa tão rente de minha carne.
Eleger. Cortar. Despedir-se.
Com firmeza e gratidão, empunho minha espada.
Ela cabe nas minhas mãos de mulher. Ela cabe no meu coração de mulher.
Meu samurai e minha deusa caminham de mãos dadas nestes tempos de turbilhão.