Todo caminho tem três partes: o início, o meio e o fim. Com o Viver Mais Simples, não foi diferente.
Comecei sem saber: a cada terapia, reunião de team building e conversa com amigos. Comecei no meio do caos e do descontrole de mim e de minha vida. Nem percebi que havia começado.
Depois foi tomando força, impulsionado por reflexões, pelo coaching, pelas conversas mais elaboradas.
E aí um dia: Boooom! Caiu na minha cabeça.
O peso do meu corpo, o peso das minhas responsabilidades. O peso de estar longe de minha família de origem e de meus amigos mais antigos. O peso de viver acostumada, sem pensar, sem parar nem respirar.
E eu senti, fisicamente, faltar oxigênio nos pulmões. Foi no final de outubro de 2009.
Já vinha dizendo para mim e para os outros, é preciso repensar. Mas naquele dia, ficou impossível continuar do mesmo jeito.
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Minha garganta não engolia mais. Meu peito não recebia ar suficiente. Eu sufocava.
E aí, o impossível parou de ser impossível. A agenda lotada de compromissos tornou-se irrelevante.
Pedi férias, de sopetão. Não aceitei nem considerei negativas. Abri uma semana a machadadas e me refugiei.
Mas, antes, compartilhei com meus amigos quais eram minhas intenções: parar para rever minha vida, reavaliar prioridades, planejar uma rota de saída.
E todos ajudaram. Levei livros emprestados, levei solidariedade. E fui para um retiro por sete dias, só com meu caderno em branco.
Lá chegando, abracei a tarefa de ser diferente. Tracei cenários. Fiquei longos períodos sozinha, no quarto. Fiz terapias alternativas: dança criativa, risoterapia.
Cuidei do corpo, alimentando-me de forma sóbria, fazendo exercícios, testando massagens e tratamentos.
Foi um bom começo para tomar coragem.
Fortalecida, descansada e lúcida. Assim pedi demissão da Johnson & Johnson, em novembro de 2009. Sem raiva, sem sofrimento. Muita emoção, muita saudade. Mas serena.
O resto da história, vocês conhecem. dois meses depois, voltávamos ao Rio e eu renascia, me reinventava. Mas o que aprendi sobre o começo do caminho?
1) É preciso abrir um parêntesis na rotina. No meio do furacão, não dá para recomeçar. Sugiro um retiro. Um fim-de-semana, no mínimo. Sozinho.
2) Apoio é fundamental. Compartilhe seu objetivo com amigos, antes. Aceite livros, músicas, abraços e reforço. Ignore ceticismo, inveja e outros sentimentos mesquinhos.
3) Faça cenários: e se isto? e se aquilo? O importante é buscar mais de uma saída para a sua encruzilhada.
4) Cuide do seu corpo e da sua mente. Quando estamos desintoxicados, fica mais fácil enxergar perspectivas.
5) Avalie seus recursos: financeiros, emocionais. O plano de saída pode durar mais ou menos, dependendo da situação de cada um. Mas com planejamento, sempre dá para sair do sofrimento.
6) Faça coisas diferentes do habitual: o oxigênio extra inspirará as mudanças vindouras.
7) Seja grato ás pessoas e coisas que te permitiram ser quem você é. Mesmo precisando escolhendo uma vida diferente, jamais me esquecerei dos amigos de São Paulo, do trabalho maravilhoso que realizei na J&J e do valor de minha caminhada até decidir rever o rumo.
Minha história é uma de muitas possibilidades. Qual é o seu início?