O melhor lugar do mundo
Lucrécio Brasil |
O melhor lugar do mundo é o aqui e o agora, diz Gilberto Gil. Mas Inhotim chega bem perto.
Ali, na costura da obra humana com a natureza, me apaixonei.
No recorte das paredes coloridas de Oiticica em contraste com verdes de planta e água.
No compasso claro escuro das trilhas cheias de luz alternado com o abrigo das galerias.
O abafado e uterino som da terra, onde dá vontade de deitar e ficar assim para sempre, no pulso do ventre do planeta.
O calor das alamedas sinuosas, o escurinho gelado da Cosmococa.
O banquete de cores, de flores, de expressão humana.
O silêncio.
Caminhei com pouca trégua entre alamedas, o coração saltitando entre bonitezas de homem e de Deus.
Por vezes dava vontade de desistir, pois há muita lonjura. Mas sentadinha por alguns minutos, recobrava o fôlego para perder o fôlego uma vez mais.
Criança, velho e cisne. Tudo se mistura. Assombroso. De sombra e de causar estupefatos e poemas em todos os poros do corpo.
Queria morar em Inhotim. Caminhar todos os dias para ver o Agave-Polvo, os céus caleidoscópicos que fizeram meus filhos ouvir novo sentido em Lucy in the Sky with Diamonds.