Inícios de ano despertam um vento de nostalgia em mim.
A ideia de um ano velho se despedindo.
Meu aniversário, no dia três, marco de mais quilometragem nesta estrada.
O começo de janeiro é um tempo de reflexão na minha vida.
Mas o impacto de tudo isso, sempre estampa num único lugar: o presente.
Passei um final de ano um pouco estranho.
Naveguei por cidades, pessoas e memórias.
Emocionei-me, fiquei cansada, alegre, triste.
E houve aqueles momentos mais especiais, onde o coração sentiu uma pontada de sentir tão forte, como se um galho de cerejeira o espetasse.
Quase nunca estes momentos são grandiosos.
Foram singelos, pequenos gestos que me recordaram que estou viva. Com medo, mas viva. Sem nenhuma garantia, mas viva, vivíssima.
Dançar depois do cinema com minha pequena Olivia. Até quando ela me concederá este privilégio?
Fazer nada, escutando silêncios. Sem compromissos, só eu comigo.
Conversar sem pressa nem interrupção com o marido.
Revisitar espaços onde fui feliz, apenas para lembrar o quanto eu sou feliz.
Atravessar conversas para perceber o tanto que tenho e o quanto me custou para consegui-lo.
Ver meus filhos se abraçarem, nutrindo minha esperança de irmãos-amigos, um sonho importante meu.
E agora.
Agora neste preciso momento em que escrevo letra por letra. E agradeço este dom de contar histórias.
Pois conto histórias para me acordar e me adormecer.
Conto histórias para não me perder no caminho de ser eu mesma.
Escrever é minha cura, minha redenção.
E escrevo hoje, sobre todos os tempos.
Fiquemos aqui, neste hoje. Juntos.