O que você aprendeu com crianças?
Crescer é inexorável. Ser responsável por si mesmo, pagar contas e, é bem verdade, toda aquela história que Herbert e Renato Russo cantavam.
Mas crescer traz inúmeros benefícios. Ser dono de seu caminho, poder ajudar quem vem depois.
Crescer é preciso.
Para sermos inteiros, para sermos justos com os outros, compartilhando o peso do piano.
Para sermos protagonistas em nosso caminho próprio.
No entanto, às vezes, passamos a nos levar a sério além da conta. Ou nos apertamos demasiadamente, nesta busca por se encaixar no mundo.
Nesta hora, podemos aprender com as crianças.
Foto: Lucrécio Brasil |
Primeiro eu:
Rir de si mesmo
Crianças acham graça de seus erros. Acham graça de seus acertos.
Acham graça da vida.
Não se levam tão à sério.
Há um pouco de risível nos tropeços que damos na vida.
Melhor rir deles do que chorar.
Dançar na rua
Ainda esta semana, levei meus filhos para o cinema. O filme era “O Lorax”, baseado no Dr. Seuss. Minha filha amou tanto as músicas que foi dançar lá na frente durante os créditos finais.
A alegria e a espontaneidade dela contagiaram até o moço que recebia os óculos 3-D.
Não resisti e fiquei ali, dançando com ela. Ainda estou inebriada pela alegria deste momento. Esta é a real liberdade. Expressar-se livremente, sem cruzar o limite do outro.
Por quê? Por quê? Mas por quê?
Crianças não se satisfazem com “por que sim”. É cansativo, claro. Mas quantas vezes assumimos que algo é assim ou tem que ser assim, quando não é?
Quantas oportunidades perdemos ou quantos sapos engolimos por aceitarmos uma realidade que não necessariamente é verdadeira?
Por que estou fazendo isso? Por que sempre se fez assim?
Por exemplo, lembro-me de uma frase da infância: “não se canta na mesa”. Por anos eu repeti (e pratiquei) esta “verdade”, sem pensar.
Até que meu marido, que vinha de uma tradição de cantar uma prece antes das refeições, desafiou-me: por quê?
Pois é, por quê?
Eu te amo mais
Crianças não têm vergonha de expressar seu amor. Beijos melados, abraços apertados, “volta logo, mamãe” e por aí vai.
Quando saí da casa de meu pai, com dezoito anos, meu irmão caçula tinha dois anos.
Ele me perguntou porque eu ia embora. Quando eu disse que era preciso, ele suplicou, amoroso: “mas você volta para brincar comigo?”.
Nunca me esqueci de tanta ternura. Até hoje me emociono (e até hoje volto para brincar com ele, 21 anos depois).
Nosso amor pelo outro é transformador. Basta dizê-lo.
Digamos. Mais, alto e repe
tidamente.
Olha que lindo!
Um por do sol. Um pássaro voando. Uma pipa no ar. Uma flor bonita. Uma cena de amizade.
Na nossa vida séria de adulto, deixamos estes presentes por aí. Piegas, brega, coisa de mulherzinha. Será?
Será que ler o jornal ou fazer coisas “sérias” vai fazer tanta diferença no nosso dia?
Ou será que há um vento fresco na poesia cotidiana que pode nos energizar para enfrentar ser adultos?
Por onde andam nossos olhos, esquecidos da beleza das coisas?
Agora você… O que você aprendeu com crianças?
Este é um post da série: “?”. Mais detalhes sobre esta história,AQUI e AQUI.