21 de dezembro de 2009.
Entre estática e atordoada, devolvo o crachá. O último como funcionária de carteira assinada.
Meus filhos tinham 1 ano e meio e quatro, respectivamente.
Eu era casada, tinha uma reserva financeira de cinco anos e planos vagos de abrir uma loja de roupas para mulheres grandes e uma consultoria em pensamento estratégico.
Também trazia a imagem de um triângulo: casa x escola x metrô. Queria Viver Mais Simples.
21 de dezembro de 2017.
O estado de espírito é outro. Mais sóbria, mais inteira, pés no chão e asas (entre)abertas.
Meus filhos têm nove e doze anos, respectivamente.
Sou separada, vivendo um novo amor há quase onze meses. A reserva acabou em sete anos (não cinco), renovou-se inesperadamente e agora segue com o alerta de que 2018 não é para brincadeiras.
Não abri a loja, a consultoria transformou-se em guarda-chuva para abrigar o Odisseia, a Argo, o Voe, os atendimentos individuais, a facilitação de aulas e workshops, os trabalhos corporativos.
Fiz uma formação em coaching antroposófico e inúmeros cursos de autodesenvolvimento.
O triângulo virou isósceles. Casa em frente á escola, escritório próprio logo ali.
Criei um projeto comunitário, tive um delivery de comidas, experimentei no Onionvation. Ousei, criei, fracassei e até flertei com alguns arrependimentos.
Perdi meu pai. Ganhei minha mãe.
Tropecei. Caí. Levantei.
Voei alto, voei abaixo. Fiquei pousada entre voos.
Conheci tanta gente nova, me transformei e me comovi como testemunha de transformações belíssimas.
Hoje, blog de cara nova e alma temperada por cicatrizes e doçura. Hoje, eu mais eu, presente num corpo mais dentro de si, mais consciente das bordas suaves que precisam de fronteiras e continente.
Oito anos. Quase nunca é Simples. Nem sempre é Mais. Definitivamente, é Viver.