“Quem beija meus filhos, minha boca adoça”.
Ditado popular
Denise e seus olhos verdes brilhantes. Denise e seu sorriso. Denise e tantas memórias nestes quase trinta anos em que nos conhecemos.
Denise agora é estrela, adoçando o céu.
São tantas as lembranças, inundam-me desde do início deste primeiro de abril de 2022, que amanheceu triste com a notícia de sua partida.
As aulas originais de história e sociologia no São José, inventando modas construtivistas muito antes de ser comum. Nosso cigarro após o almoço, na Iza Carrijo, na época em que ela ainda fumava. O vestido lilás do dia do casamento. O grito de susto quando o Lucrécio deu um “caldo” no recém-nascido Léo. Das rabugices e ciúmes, dos muchochos e caras de zanga que se desfaziam em sorrisos com muita facilidade. Das histórias enfeitadas por sua rica imaginação (as receitas da Colombo, o carnaval do elefantinho, o menino escondido dentro da sala da Diretora esperando o castigo, o violão-surpresa dentro do porta-malas… ). As implicâncias com o marido Pito. A dedicação incansável e apoio constante aos projetos dos filhos Lenise e Lucrécio.
Lembro com água na boca de haver sempre boa comida, rodeada de amor por todos os lados.
Descascar camarões em Bacaxá, como contrariada sous-chef (eu era tão jovem…). O (breve) empreendimento Lelu de tortas para vender para fora. Dezenas (centenas?) de docinhos enrolados para a festa de dois anos do Léo. As invenções culinárias, no geral. Em específico, a divina torta de maçã com recheio de apfel strudel e cobertura trançada de torta americana… Ela ensinando suas artes para a neta Olivia, nas férias de verão e de julho. Sempre me lembrarei de Denise quando Olivia “testar” o fermento com água, um truque aprendido com a avó, entre tantos.
Este amor incondicional pelo netos nos reuniu após décadas de ciúmes de ambas as partes. Este amor transbordante (e, ás vezes, um pouco grudento, por que não?) eram nossa alegria e paixão compartilhadas. Trocávamos mensagens de gratidão mútua por WhatsApp. Nos abraçávamos forte nas poucas vezes que estivemos juntas recentemente.
Denise, para mim, tornou-se a memória viva do Amor.
O Amor pelo América, o Amor pelo pai, Alah. O amor pelo marido, Lucrécio. O amor pelos filhos, Lelê e Lucrecinho. O amor pelos netos Léo e Olivia.
Amor rasgado, exagerado e sempre sonhando com o próximo encontro.
Amor de superlativos: o neto e a neta mais lindos do mundo. Os mais inteligentes, os mais perfeitos.
Denise agora é puro Amor, liberta do corpo que lhe desafiava a não comer os doces favoritos ou acompanhar Pito, Lelê e Lucrecinho nas caminhadas e aventuras.
Que este amor seja um abraço quente para nos guiar em meio à imensa dor da saudade.
Que seus causos e trejeitos nos tragam leveza nos dias de mau humor.
Denise, aí do infinito azul, por favor proteja todos nós. Especialmente Léo e Olivia, os maiores amores de nossa vida.
Que seu amor seja guarda-chuva, para-raios, cobertor e abrigo.
Para sempre você será nosso abrigo, agora que tornou-se infinita.