“Quem faz um poema abre uma janela.
Respira, tu que estás numa cela
abafada.
esse ar que entra por ela.
Por isso é que os poemas tem ritmo.
– para que possas profundamente respirar.
Quem faz um poema salva um afogado.”
Mário Quintana
Refugio-me neste canto dos meus cantos. Pouco visitado, ultimamente.
Refugio-me e respiro. Aliviada.
Por estes dias, senti que muitos pedaços de mim foram reclamados. Tantos queriam um tanto de mim.
Estou exausta de recriar meus pedaços partilhados.
São meus, eu sei. E é minha escolha partilhar.
Agora mesmo, elejo não partilhar nenhum.
Todos meus, por um breve tempo.
Todos meus.
Os olhos insones, o peito ardido. Muita vontade de avançar, desbravar, estender meus braços.
Mas não agora. Agora, neste exato minuto, sou toda minha.
Toda todinha de mim mesma. Sem vergonha de egoísmo ou medo de julgamento.
Por agora.
Amanhã, veremos.