Nestes novos tempos, tenho tido mais temperança em meu coração. Os antes tão comuns surtos de ira amainaram…
Mas…
Não consigo me aquietar quando vejo uma injustiça… Estranhamente (?) não me transtornam tanto as grandes desventuras do mundo.
A fome, a pobreza, o abuso contra crianças, mulheres e doentes doem no meu coração, mas não me tiram do sério, não me jogam no ringue.
Por outro lado, a injustiça na minha esquina, com pessoas mais humildes ou sem possibilidade de defesa… Faxineiros, empregadas domésticas, prestadores de serviço… Meu espírito vira guerreiro de imediato e as palavras viram espada…
Adoro o vizinho. Adoro dar bom dia para o mendigo da rua (por que dinheiro não gosto de dar). Adoro cumprimentar efusivamente aqueles que nos servem sem receber quase nenhum obrigado.
Ascensoristas, garçons, empregadas domésticas dos outros.
Também me dói insensibilidade. O outro tem um coração, vermelho, sanguíneo, amador. Merece carinho e cuidado, não descaso e desdém.
O que me enfurece é ver pessoas esquecerem o quão precioso e frágil é este coração alheio. Que tem a mesma cor, a mesma forma e a mesma possibilidade de amar e ser amado.
O que me enfurece é quem pensa que alguns merecem menos respeito, apreço e consideração do que outros. Todos somos igualmente merecedores.
Por isso distribuo sorrisos e bons dias, esperando alegrar aqueles que sofrem em silêncio com a dúvida de que valem muito.
Para mim, certamente valem.
Este é um post da série “6 Bilhões de Outros”, inspirada neste projeto aqui.
Mais detalhes do projeto neste post.