Quanto tempo o tempo tem
Há poucos dias, o Mestre do Tempo Álvaro Esteves compartilhou seus muitos saberes no Café Viver Mais Simples, nosso projeto conjunto de abrir janelas para um melhor viver. Desta vez, “Reinvente o uso do seu tempo“.
Quando conheci Álvaro, em 2013, já era uma quarentona e ele, quase aos setenta.
Tornamo-nos ótimos amigos e eu poderia pensar: “Que pena! Quanto tempo perdemos antes deste encontro!”.
Mas se assim o fizesse, estaria esquecendo todas as preciosas lições presenteadas por ele.
Inspirada por sua sabedoria, escolhi compartilhar os aprendizados essenciais do nosso convívio:
Não falta tempo, o que falta é escolher
Nunca fizemos tanto, tão rápido. As ferramentas da tecnologia e produtividade se multiplicaram.
O que nos inunda é o excesso de possibilidades. De carreiras, de caminhos, de consumo, de conteúdos.
Mais do que nunca, é preciso priorizar.
Não dá para fazer tudo o que se quer fazer. Ponto final.
Sofremos da ansiedade da nossa era: perder algo enquanto não estamos conectados. Nem toda a festa é tão boa, precisamos saber o que para nós fará a real diferença no final do dia, do ano, da vida..
Construir sua própria bússola
Para escolher, é preciso saber o que é importante.
Álvaro tem um modelo ótimo para guiar suas ações. Ele lista seus principais sonhos e define projetos e plataformas para realizá-los. Assim, sempre tem um “gabarito” para saber se está investindo o suficiente no que é realmente crítico.
As Pedras Grandes. O resto, cascalho, areia e água, há de se encaixar na agenda.
As urgências inevitáveis diminuirão, à medida em que formos mais disciplinados em usar nossa bússola.
O que realmente quero para mim? Quais são minhas intenções para a vida pessoal e profissional?
Qual será meu foco no dia a dia? O espírito? A saúde física? O intelecto? As relações?
Dentro disso, o que é mais crucial?
Há algum tempo, faço esta reflexão. Anualmente avalio o ano que passou e traço as “vontades frouxas” do ano que virá. Assim, desperdiço menos e sinto-me mais e mais realizada.
O objetivo então, é priorizar nosso dia de acordo com o que é significativo para nós. Com aquilo que está somando ao nosso legado. Tudo que queremos deixar como “rastro” de nossa existência.
Navegar no tempo de qualidade, não de quantidade.
Muitos pensamos que a passagem das horas é linear. Aprendi com Álvaro que não. O tempo é muito mais sutil. Alguns momentos parecem levitar numa outra dimensão, onde tudo tem outro ritmo, rebelde ao relógio. Alguns chamam esta experiência de fluxo. Os gregos a chamavam de kairós.
Já identifiquei “sintomas” deste tempo mais precioso: geralmente acontece quando estou fazendo alguma atividade relacionada ao meu propósito (ajudar pessoas e pessoas a frutificar, sendo felizes). Ou quando estou aprendendo algo amplamente revelador. Ou quando estou conversando sobre assuntos do coração e da alma, e sinto-me conectada no nível mais visceral com o interlocutor.
Se mapeamos estes momentos “kairós” em nossa vida, podemos cultivá-los no trabalho, nas relações e no dia a dia.
Estes recortes de tempo contam como verdadeiros séculos. Deles se constituem as melhores memórias.
Para uma visão mais ácida do tema, recomendo este artigo AQUI.
Desarmar nossas armadilhas
Onde mora o ladrão que rouba nosso tempo sem percebermos?
40% é utilizado em executar nossos hábitos. Ao entendermos que hábitos servem a nosso propósito, podemos alinhavar melhor nosso dia.
E ao entender os hábitos não tão desejáveis… Poderemos interferir, minimizando seus estragos.
Aprendi com Álvaro que infelizmente hábitos adquiridos são eternos. Temos que criar novos hábitos para “neutralizá-los”. E a melhor forma de fazê-los e entender o fluxo: “a deixa” que nos puxa, a realização do mesmo, a recompensa. Em resumo, temos que nos preparar para detectar e prevenir comportamentos impensados. Também precisamos de novos hábitos que nos recompensem. Senão, continuaremos comendo chocolate e navegando no facebook…
Outros “ladrões de tempo”: pouca clareza de direção ou prioridades; interrupções; a agenda do outro… Não falta sereia tentando nos desviar do melhor uso de nosso tempo.
O mais poderoso antídoto para estas armadilhas é sair do automático: planejar, pausar, respirar e prosseguir com mais foco.
Disciplina é liberdade
Com tantas distrações, estamos sempre vulneráveis a estes “ladrões de tempo”.
Mesmo com prioridades claras e uma motivação interna bem trabalhada, ainda assim pode ser desafiador por a mão na massa para manter-se no único tempo que importa: o Agora.
Para isso, vale usar ferramentas, facilitadoras de nossa rotina.
Álvaro as divide em quatro áreas:
1) O Calendário/Agenda: para organizar o que tem hora certa para acontecer e envolve os outros. Eu uso o Google Calendar, mas serve até agendinha de bolso.
2) Um monitor de tempo: algo para garantir que estamos dando foco suficiente a uma atividade. Relatórios que nos ajudem a medir nosso nível de distração. Eu gosto muito do Pomodroido, mas também uso o Rescue Time de tempos em tempos.
3) Listas de tarefas: algo para nos ajudar a mapear o que tem que se feito a cada dia. Eu uso o método kanban, descrito AQUI.
4) Estacionamento de ideias: para não nos interrompermos nem ficarmos paralisados com ideias novas (e problemas novos). o kanban me ajuda, mas também registro ideias no Evernote e prosaicos caderninhos.
Para resumir, os cinco principais pontos aprendidos sobre o tempo, nesta minha amizade com Álvaro:
1) Não falta tempo, mas não é possível fazer tudo: o que escolho fazer no dia de hoje?
2) No final da vida, o que quero ter realizado: o que é mais importante nesta vida (e neste ano)( para mim?
3) Focar nas experiências profundas de tempo kairós: o que me faz entrar num estado de real presença, gratidão e realização?
4) Conhecer os próprios inimigos: o que rouba meu tempo hoje? como neutralizar?
5) Para lidar com o tempo, preciso de ajuda: quais ferramentas podem funcionar para mim?
Para uma abordagem poética do tempo, nada como o livro “Momo e o Senhor do Tempo“, de Michael Ende.
E já já tem mais um Café Viver Mais Simples…
Desta vez, Como Despertar sua Coragem, com Leticia Carneiro…
Dia 23/5/2014, na Cinelândia, de 8h às 10h…
50 reais
Inscrições antecipadas: http://even.tc/CafeVMSCoragem
Álvaro é um mago – o mago do tempo!
Concordo em gênero, número e grau!