Não sou Indiana Jones nem domadora de leões, mas carrego sempre o meu chicote…
Quando estou desatenta, lá vai ele com toda a sua fúria.
Culpa, exigência, intolerância.
Às vezes, a vítima é um outro desavisado. Mas o maior alvo sou sempre eu.
Trilho o caminho de buscar mais aceitação de minhas adoráveis imperfeições. E o hábito de pedir desculpas sinceras, quando elas saem de controle.
Investigo a raiz de tanto perfeccionismo, apenas para descobrir que não importa.
O que foi, foi.
Agora é tempo de construir amanhãs e a chave para isso está no hoje. O agora é onde posso intervir.
Ontem mesmo listava meus acertos e progressos, numa tentativa de aplacar a insônia da madrugada.
Surpreendi-me com o tamanho e variedade de feitos.
Todos solidamente ancorados no que aprendi ao tropeçar, me ralar, falar o que não devia, ouvir o que não precisava.
Todos frutos de um passo após o outro.
Nenhum se criou miraculosamente, nenhum acerto “de primeira”.
Tudo forjado na dura lida de tentar ser o melhor possível todo o dia. E fracassar miseravelmente dia ou outro.
Também percebo que os feitos em si, são obra inacabada.
Construção da vida a dois. Aprender a ser a melhor mãe possível. Tecer e retecer os frágeis laços familiares, sempre em ebulição.
Costurar uma rotina que funcione. Trabalhar e colher os frutos e trabalhar mais…
Tudo um contínuo. Nada pronto. Nunca.
Concluo, inevitavelmente: vou seguir errando.
Então como abraçar esta dor que sinto quando erro?
Ainda não sei bem, mas talvez:
1) Rindo de meus próprios erros
2) Analisando a real consequência destes erros. Que muitas vezes, é nenhuma.
3) Perguntando para o outro se o que eu fiz o feriu ou atrapalhou. Se sim, reparar no possível.
4) Saber que na maioria dos erros, há uma parcela de responsabilidade do outro, que não me cabe.
5) Respeitar que há um plano maior para mim, onde errar é ingrediente de fortalecimento e maturidade.
6) Responsabilizar-me por meus erros para agir no que for possível.
7) Usar meus erros como forma de conhecer sobre mim e ser uma pessoa mais justa, mais amorosa, mais grata, mais compassiva.
8) Aprender a perdoar. Os meus erros e os erros em geral.
Olhando esta lista, começo a enamorar-me de meus erros. Quanto eles são formativos de meu caráter, minha estrada, minhas virtudes.
São necessários. São dádivas, de fato.
Com gratidão, preparo-me para mais um dia de erros e acertos, ambos bem-vindos nesta tentativa de viver mais simples.