Saber a hora de parar

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Estes dias ouvi uma voz zangada: “Você não sabe a hora de parar”.
Foi duro, mas também verdadeiro.

Sem dúvida, esta é a maior de minhas dificuldades, mãe de todas as outras.

Relembrei meu cansaço de dar mais do que posso.
Pedir mais do que devo.
Exigir o que não é razoável.
Dos outros, mas sobretudo de mim.

Repisei os caminhos onde entrei desavisada, apenas para depois recuar.
As pedras em que tropecei.
As pessoas que atropelei.
Tantas vezes, eu mesma.

Evoquei meus pecados habituais: a Gula, o Orgulho, a Vaidade.

Tudo, por não saber parar.

Então respirei fundo, larguei o chicote.
Olhei com candura para a estrada revolvida atrás de mim.
Sim, errei e erro. E errarei.

Mas aprendi tanta coisa.
Vim viver mais simples. Ampliei minha consciência sobre mim e o outro.
Percebo mais cedo e mais rápido que passei do ponto.
Hesito antes de me jogar no próximo perigo.

Sim, ainda preciso calmar mais, andar mais lento, fazer menos.
Penso que é trabalho para toda a vida.
Vou me melhorando aqui e ali.

Por hora, isso é o que dou conta de fazer.

E na outra ponta desta medida vive a coragem de voar mais alto, ousar ir além.
Mesmo que, às vezes, eu cruze a linha.
Então meu exagero é um pouco asa.
Nesta sutil balança, navego, agora com ainda mais cuidado.

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