Sem mimimi

 Em gratidão, protagonismo

Lá pelos meus cinco anos, era sucesso uma música do Raul: “Eu também vou reclamar”.
Imagino a revolução (em tempos tão perto da ditadura de Médici).
Expressar uma queixa.  Reclamar. Muito corajoso.
Adorava esta música.
Mas agora, à luz de um tempo onde reclama-se por toda e qualquer bobagem, enjoei.

Aí outro dia a moça da Vivo me ligou toda simpática e me surpreendeu com um bom serviço. Adorei, postei no facebook e logo avisei:

Eu não quero mais reclamar. Se quiser reclamar, vá para outra linha do tempo.

Pinterest

Teve gente que curtiu muito e teve gente que ficou tentada a reclamar… Daí pensei isso aqui:

1) Escolher onde usar minha energia
Reclamar é uma forma de falar muito e não chegar a lugar nenhum, se não for ligada a uma ação (veja ponto dois).  Aprendi com uma amiga que estudiosos da Cabala recomendam que não reclamemos, para resguardar nossa energia. Isso ressoa em mim. O simples falar mal de alguém já me deixa um pouco desgastada comigo. Melhor economizar, já que há muito uso para esta energia na vida que escolhi para mim…

2) Agir mais e falar menos
Aprendi esta há anos, com meu irmão Bernardo.  Discutir muito a relação. Falar muito sobre tudo. Resolve menos do que ser exemplo, por as mãos na massa, cuidar dos seus 50%.
Por isso, se me chateio com uma pessoa, um serviço, um ponto de vista, avalio:
Vale a pena investir em um diálogo? Vale a pena buscar um caminho do meio? Não?
Cancelo da minha vida.
Pode parecer radical, mas no fim, gasto menos energia (veja o ponto um) e compro menos briga.

3) É melhor agradecer
É fácil reclamar. No entanto, é muito mais recompensador agradecer.  Podemos reclamar por horas da operadora de celular, da política, do marido, da mãe. Não resolve muito e não sacia. O próximo da fila que te der bola, você começa de novo. Um buraco negro.
Por outro lado, elogiar, agradecer, reconhecer são movimentos nutritivos e energizantes. E  de mão dupla.
Eu não sou Poliana, mas gosto de olhar o lado cheio do meu copo.

No final, quando passei a me dar conta de tudo isso, percebi o quanto é bom explorar as possibilidades (ao invés dos impedimentos).
Estou infeliz? O que faremos com isso?
Se é um problema que depende de mim, tento agir.
Se é algo que não depende de mim, tento me desviar.
E agradeço. Agradeço muito, forte e sempre, porque eu nem tenho tanto motivo para reclamar assim.

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