Sobre oásis e deserto
Há desertos em mim. Em todos nós, creio.
Momentos áridos, onde sentimos uma sede tamanha, evocadora de miragens.
Partes de nossa vida onde não nasce uma flor. Onde tudo parece morto.
Sou grata por haver em mim menos do que mais desertos.
Mas há desertos em mim e os respeito.
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Reconheço os cantões do meu caminhar onde é preciso cuidar-me em dobro. Não esticar demasiado a corda. Ir de mãos dadas. Recuar. Ancorar-me. Economizar energia.
A travessia pode durar dias, meses ou luas. Não sei. Ninguém sabe.
Apenas sei que há desertos em mim.
Por isso cultivo oásis. Reservas de esperança e ânimo:
Planto memórias felizes. Semeio amizades e novos projetos. Honro minhas raízes fundas, proteção amiga em noite de tempestade de areia.
Quando encontro um pouco de água, agradeço e banho-me. Inundo-me de esperança: mais um pouco e quem sabe chego.
No final de mais um deserto.
Porque em mim há desertos.
Mas não somente.