Sonhos de mar e terra

 Em autoconhecimento, workshop dos sonhos

“Mesmo no silêncio e com o silêncio
dialogamos.”

Carlos Drummond de Andrade

Um longo silêncio, neste blog.  Um pouco pelo turbilhão de eventos passados e vindouros. Muito por minha necessidade de digerir o tanto que emergiu do último Workshop dos Sonhos, de Adriana Ferreira.

Imagem: Lucrécio Brasil


Cada encontro, um novo despertar. Pessoas diferentes, sonhos diferentes, experiências diferentes.
Desta vez, tudo ficou mais forte, pois o lugar era o Vale do Matutu.
Sou bem urbana e ando esquecida da terra. Mas a terra do Matutu falou comigo, fundo.
Voltei mais lenta, mais enraizada.

Cada vez é diferente.
Às vezes, levo um sonho. Desta vez não.
Às vezes, sou protagonista de um episódio, seja catarse ou insight. Desta vez, fui apoio.
E saí igualmente iluminada, mais uma vez deliciada em conhecer (ou reconhecer) novas partes de mim.

Corporificar nossa existência. Sair da ilusão que somos “mente e corpo”. Somos só corpo e há muito mais do que nossas cabeças para nos ajudar.
Penso muito (demasiado). Nestas ocasiões, resgato meu sentir e fazer, dimensões tão reais, evocadas a cada encontro.

Por que fazer um Workshop dos Sonhos? Para mergulhar fundo em si mesmo, rodeada por um amor incansável de Adriana e sonhadores.  Para resgatar a conexão com que é mais precioso em nós. Nosso tempo, nosso respirar, nossa dança. Nosso corpo, em todo o seu mistério.


É trabalho ousado, revelador. Mas realizado com aconchego, respeito e acolhimento ao ritmo de cada um.

Nunca estive num Workshop sem sair banhada em minha própria humanidade e conectada com muitos outros corações.
Desta vez, voltei a um tempo antigo, onde eu, menina, falava com as ondas e sonhava com cerejeiras. Estar neste lugar sagrado me recordou de forças que eu  havia esquecido. De uma Leticia pequena-grande um pouco esquecida na memória.

Agora, sinto falta de mar e terra. Mas já chego lá, que tenho este gosto de sal e fruta úmida na boca. Não esquecerei tão cedo.

Obrigada, mais uma vez, Adriana. Meu corpo, presente, agradece o carinho.

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Showing 2 comments
  • Anônimo
    Responder

    Olha o que o Antônio Cícero sublinhou hoje do Drummond:em “Procura da poesia” (do livro “A rosa do povo”, de 1945): “Convive com teus poemas, antes de escrevê-los./ Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam./ Espera que cada um se realize e consume/ Com seu poder de palavra/ E seu poder de silêncio.”

    Definitivamente menos é mais.

    Nisso eu acredito !

    Muito obrigada por esperar!

    bjs Erica

  • rafael
    Responder

    Muito bom ter participado, entendido e contribuído para o que ficou de lá. Os seus escritos, me levaram até o vale do Matutu, que me era um lugar distante e até a Adriana, que me era alguém desconhecido. E agora, essas fortes e doces palavras, fazem todo o sentido.
    O silêncio, é a nossa caixinha,
    com uma linda musica, pronta para ser aberta, no momento certo. Obrigado por compartilhar o seu silêncio. Pois essas mesmas palavras que me levaram até lá, aqui ficam, para de que nada se perca por ai.
    🙂 um beijo
    Rafael

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