Borboletas revoam a meu redor há tempos. Um tanto por minha paixão por metamorfoses. E outro, por minha admiração por tudo que é diverso em cor e movimento.
Assim nasceu o símbolo do Voe. E uma pequena coleção voadora que habita meu escritório.
Nestes dias em que eu, o Rio e o Brasil estamos com tão pouco combustível, me peguei contemplando um item da coleção: a borboleta irrequieta da imagem deste post vem de um quadro da artista naif Mabel, presente de um grande amigo.
Estive (e ainda estou) imersa num projeto em São Paulo, revisitando experiências que me recordam muito dos tempos corporativos. Reencontrar este corpo tem suas durezas e cicatrizes surpreendentemente frescas.
Além disso, ainda não faz um ano que perdi meu pai. E a saudade e o aprender a ser órfã tomam-me tempo e energia consideráveis.
Assim, apesar da minha usual blindagem otimista, percebi-me bastante vulnerável ao ar do nosso tempo. Um ar de desesperanças, cinismo, exílios voluntários. Peguei-me sonhando com o além-mar, com uma carteira assinada, até com um bilhete da loteria.
Assustei-me. Quem era esta eu, tão diferente? Ou indiferente?
A borboleta percebeu e, irreverente, agitou suas asas: “Vamos lá, sacudir a poeira deste blog abandonado!”.
Decidi aceitar o convite e emitir minha voz, tão sumida. Nada é desculpa boa o suficiente para me calar por tanto tempo. borboleta acendeu uma chama suave, sussurrando um pedido:
Resista. Renasça.
Resistir e renascer são asas que podem nos levar além. Há tanto a fazer. Nunca meu trabalho pareceu tão útil.
Sim, são tempos sombrios. Mas tenho clientes e amigos avançando com seus projetos pessoais e de trabalho. A cada processo de organização de ideias encerrado, recebo o testemunho de que houve transformação. E muito dela é vislumbrar caminhos, traçar estratégias para driblar a onda contrária.
Para cada estabelecimento comercial que fecha, há tantos outros atravessando de forma criativa os novos (velhos) desafios de empreender neste Brasil.
Ainda semana passada facilitei um dia de atividades de autoconhecimento para um grupo espetacular de geólogos da área de energia. Haviam atravessado terremotos, mas ainda estavam cheios de alegria e vontade de construir.
Por todo o lado, ouço revolta, tristeza, desânimo. Mas também vejo criação, solidariedade e resiliência.
Abraço esta borboleta multicor, ancorada na negra realidade sem perder sua vibração e potência.
Emerjo do meu cansaço com este chamado para não desistir, para fazer das intempéries uma tela em branco, onde habitam um coração aceso e um espírito prudente.
Voemos, mesmo que mais baixo. Voemos juntos, como fazem os pássaros sábios para enfrentar grandes inimigos.
É nossa voz autêntica, úmida de compaixão e amor pela vida que nos fará ir além. Juntos.
Acredito fortemente que é tempo de estarmos uns com os outros. Nossas ideias colidindo gerarão faíscas de ação e esperança.
Em alguns dias, vou compartilhar uma agenda de encontros para que possamos formar janelas de resistência e renascimento.
Enquanto isso, convido você ficar bem perto: escreva-me no leticia@leticiacarneiro.com, mande um zap ou telefone no 21 99916-4973.
Vamos juntos pensar em maneiras de expressar nossos talentos e criar este futuro que queremos deixar de legado.
Vamos resistir e renascer, fogo em brasa, braços dados.
Estou te esperando! Vem?