Semana de dia das mães, bom momento para homenagens.
Já falei de meus avós e de meus pais. Hoje quero contar um pouco do meu conto de fadas. Minha história de mocinha e boadrasta, um caso raro de encontro num mundo de novas configurações familiares.
Histórias de madrasta geralmente são dramáticas. Seja Branca de Neve ou Cinderela, seja na vida real, há mais histórias de terror do que “felizes para sempre”.
A minha história é diferente.
Começou há quase trinta anos, quando Marília casou-se com meu pai.
Foi um começo desconfiado, de medir forças e rebeldia (de minha parte…).
Eu nunca fui muito mansinha e ela teve que impor limites. Um regime de ferro, para domar três crianças adaptando-se a viver numa nova cidade, com uma nova dona da casa.
Com o tempo, fomos nos entendendo.
Primeiro, nasceu o Caio, meu irmão caçula e presente inesperado.
Depois, fui crescendo e aprendendo a apreciar as muitas virtudes desta mulher guerreira e amante de uma boa aventura.
Marília me abriu as portas para o mundo das viagens, incentivando meu pai a nos mandar para a Disney. Eu fui a primeira, com meus onze anos. Até hoje amo viajar e AMO a Disney.
Obrigada, Marília.
Foram muitas as lições que aprendi com ela (e sigo aprendendo), mas com a minha maternidade, a relação tornou-se ainda mais especial:
Quando tive minha filha caçula, sugeriram que meu marido dormisse com meu filho, enquanto eu estivesse no hospital. Assim Léo se ressentiria menos com a perda do reinado absoluto…
Acolhemos a ideia e minha madrasta foi fiel acompanhante, acordando a qualquer suspiro, dando bronca nas enfermeiras, uma leoa cuidando dos meus interesses.
Hoje ela é um apoio inestimável, nos lanches de domingo onde cuida do jantar das crianças, nos recebendo a toda hora… Dando uma folguinha para um programa rápido com o marido, ou mesmo uma pequena viagem.
Todas as semanas trocamos um pouco, nesta história de mulheres que se ajudam e caminham de mãos dadas.
Tive chance de retribuir modestamente um pouco de tudo isso, quando tive a honra de discursar em nome da família dela, na cerimônia de despedida de sua irmã mais velha.
Foi um momento bonito e difícil, onde pude homenagear Marília e a família Guimarães, que me adotaram tão fundo no coração.
Nossas histórias estarão para sempre entrelaçadas e eu cada vez mais grata por tudo:
As caretas que ela fazia em família. Os presentes para a casa, as indefectíveis “lembrancinhas” em cada retorno de viagem… O Papai Noel do Natal, a casa enfeitada a cada ocasião especial… A preocupação com a família, o amor incondicional pelo meu pai. A dedicação profissional, a vontade inesgotável de ajudar. O bom humor, a generosidade e a paciência…
Obrigada, minha boadrasta querida. É um presente ter você em minha vida.
E não fique brava com esta declaração de amor pública, que sei que você é modesta… Mas precisava contar para o mundo o como sou grata a você!