Comprovo o que já sabia.
Caminhar no automático emudece.
Por algum tempo andei anestesiada. No tic tac das tarefas cotidianas, no fluxo initerrupto de trabalho que eu mesmo crio, nos velhos hábitos.
Houve o tempo das raivas. Dos medos. E uma longa sombra de tristeza.
Até que acordei e foi sol, amarelo e calor.
Demasiado até.
Agora retomo um outro ritmo.
Navego. Navego no fluxo das palavras que borbulham dentro do meu silêncio.
Crio tempo e este tempo germina as sementes.
As palavras nascem como flores. Vertem como água de uma fonte rejuvenescedora.
As palavras tecem cobertas, capas de chuva, vestidos de baile.
As palavras me libertam e me concentram. Me acendem e me confortam.
Tanto sentimento dentro , desaguando em sílabas, vírgulas, espaços.
Palavra-texto; palavra bordada, palavra água e pigmento. Palavra multidimensional.
Arte por todos os poros.
A mulher selvagem está acordada e urge passagem.
As palavras são as parteiras da nova vida, com seu assombro, mistério e pulsação.
Mergulho, de cabeça, é novamente tempo de recomeçar.